A piscina

24 de julho de 2018

A escolha do objeto dessa seleção de imagens surgiu quando a fotógrafa americana Karine Laval encontrou antigos rolos Super 8, que seu pai havia filmado durante suas férias à beira-mar. “Olhando esse material comecei a revisitar a memória da minha infância: um relato lúdico e sensual do espaço, da água, do calor e do movimento”, confessa Laval. O projeto, batizado de “Poolscapes” reúne dois corpos de trabalho conectados, “The Pool”, executado entre 2002 e 2005, e “Poolscapes” que data do período de 2009 a 2012, ambos focados no tema da piscina e realizados ao longo de dez anos, que se transformou num livro de imagens lançado pela editora Steidl com textos de Claire Barliant. A publicação, que evoca de certa forma as lembranças de infância da fotógrafa, tem imagens que exploram a ambigüidade da fotografia, tendo como pano de fundo a realidade e a ficção na reconstrução de uma nova narrativa. Apresentando piscinas públicas em ambientes urbanos e naturais em toda a Europa e piscinas privadas em nos Estados Unidos, em duas seções distintas, o livro é organizado em ordem cronológica e mostra uma evolução no tom e na profundidade, numa sequência que vai do real para o imaginado e do fotográfico para o pictórico.

“Poolscapes” abre com a série “The Pool”, que convida o leitor a visitar uma piscina pública ao meio-dia, evocando as memórias de uma infância divertida que mistura brincadeira e mundanidades, associadas à experiência universal de lazer e banho. “A escolha da paleta de cores, saturada e por vezes superexposta, reforça esta ambiguidade entre realidade e ficção e recorda a qualidade dos filmes de família”, atesta Laval. Gradualmente essas linhas geométricas e estruturas arquitetônicas familiares, com suas referências sociais e descritivas, abrem caminho para as formas e cores abstratas, muitas vezes desfocadas das imagens das “Poolscapes” que oscilam entre a representação e a abstração.

Aqui a piscina se torna uma metáfora, um espelho cuja superfície reflete o mundo ao redor, mas é também uma porta para um reino submerso onde os banhistas são distorcidos e fragmentados – “águas turvas” que revelam as conotações inconscientes e mais escuras da piscina. Através do seu trabalho a fotógrafa, que vive em Nova York, explora a relação que temos com o ambiente e o espaço em que vivemos. Piscinas e resorts à beira-mar também são uma parte importante de nossa cultura e combinam o elemento natural da água com um contexto urbano criado por e para as pessoas”, filosofa. “Além da minha memória pessoal, essa seleção de imagens faz arte de uma memória coletiva que tento destacar, colocando em evidência a experiência compartilhada de situações tão comuns e universais quanto o banho e o lazer”, atesta Karine Laval.

IMAGEM © Karine Laval 

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