Albert Frey e Lina Bo Bardi

13 de dezembro de 2017

Albert Frey, que nasceu na Suíça, é considerado como um dos arquitetos fundadores de Palm Springs, Califórnia, e na verdade seria difícil imaginar a cidade do deserto sem as inúmeras obras de arte que ele projetou lá durante sua longa e produtiva carreira. Suas estruturas mais dramáticas podem ser apreciadas, sobretudo, em sua modesta residência de 800 m² que ele construiu no Mont San Jacinto. Alicerçada sob blocos de granito, aço, alumínio e vidro, “Frey House II” é uma construção enganosamente simples posicionada, tão naturalmente, em seus arredores que fica difícil de ser detectada à distância. Antes de começar a construção, Frey estudou o movimento e os ângulos do sol ao longo das estações, a fim de decidir em que posição do terreno fincaria seu lar. O resultado é surpreendente e a casa usufrui de uma vista incomparável sobre as colinas ​​e uma conexão exclusiva com o meio ambiente. Discípulo de Le Corbusier, ele traballho com o arquiteto na Europa por dez meses e mudou-se para Nova York. Foi durante uma viagem de prospecção a Palm Springs, que ele se apaixonou pela paisagem do deserto e decidiu estabelecer sua casa, conseguindo unir educação, experiência e paixão para forjar seu próprio estilo de modernismo.

Lina Bo Bardi foi uma das mais importantes e expressivas personalidades da arquitetura brasileira do século XX. Nascida na Itália como Lina Achillina Bo, estudou arquitetura na Universidade de Roma, mudando-se para Milão após a formatura, onde colaborou com Gio Ponti, e depois se tornou editora da revista “Quiaderni di Domus”. Quando seu escritório foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial, Bo Bardi, juntamente com Bruno Zevi, fundou a publicação “A Cultura della Vita” e, como membro do Partido Comunista Italiano, conheceu o crítico e historiador de arte Pietro Maria Bardi, com quem se mudaria permanentemente para o Brasil. Para Bo Bardi a arquitetura é criada para ser “inventada de novo” por cada homem. A arquiteta era persistente em suas ideias e tentava recriar um percurso no espaço com o objetivo de se apropriar “deste contato íntimo, ardente, que foi percebido pelo homem no início, é hoje esquecido”, costumava discursar. Para Bo Bardi subir uma escada, descansar em uma balaustrada, levantar a cabeça para olhar, abrir, fechar uma porta, sentar-se ou levantar-se e fazer contato íntimo com o tempo, é uma forma de criar “formas” no espaço. “Os lugares rotineiros e comunitários fizeram com que o homem esquecesse da beleza natural do “mover-se no espaço”, da apropriação do seu movimento consciente, dos pequenos gestos.” Além de ser admirada pelas suas construções emblemáticas, como a Casa de Vidro, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Centro Cultural SESC-Pompéia, o Teatro Oficina, dentre outros, que não foram finalizados, além de algumas obras em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e na Bahia. Lina Bo Bardi era muito mais que uma arquiteta, era uma artista e uma fervorsa defensora da cultura popular brasileira, que influenciou consideravelmente seu trabalho.

O Palm Springs Art Museum consagra até 07 de janeiro de 2018 uma exposição, batizada “Albert Frey and Lina Bo Bardi: A Search for Living Architecture”, que aborda os aspectos visionários desses dois ícones da arquitetura moderna. A editora Prestel lançou um livro-catálogo com textos de Daniell Cornell, a publicação estabeleceu cronologias históricas e é ricamente ilustrada com fotografias de arquivo, desenhos, maquetes e mais de uma centena de imagens que exemplificam o imenso talento desses dois artistas.

IMAGEM © Nelson Kon © Francisco Albuquerque © François Halard

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