Anéis de homem

2 de novembro de 2018

Por muito tempo considerado como objeto de vaidade, os acessórios decorativos e os anéis masculinos, em particular, ornaram os dedos de autoridadees, personalidades de poder, guerreiros vikings, dos reis egípcios e nobres da Era Tudor. Para colocar em evidência esse acessório imbuído de significados, a Escola das Artes Joalheiras, em Paris, apresenta até 30 de novembro uma coleção espetacular de anéis masculinos do galerista e marchand de artes, Yves Gastou. Apaixonado por esse acessório, Gastou é uma verdadeira referência no assunto e a mostra destaca parte de sua coleção, que conta ainda com 500 peças emblemáticas, como os anéis dos doges do século XVII aos anéis dos motociclistas americanos dos anos 1970, além de antiguidades  do Egito, as vaidades do século XIX, os esmaltes do século XVIII e os anéis de artistas contemporâneos.

Mostrar a joia em todas as suas facetas é uma das missões da Escola das Artes Joalheiras e sua Presidente, Marie Vallanet-Delhom confirma esse desejo de levantar o véu sobre esses tesouros pouco conhecidos, que são as joias masculinas. “Muitas vezes ofuscado pelo esplendor das joias femininas, o anel masculino encontra nessa exposição toda a sua grandeza, encantando os olhos e transmitindo beleza à alma e ao coração,” atesta. Para enriquecer a cultura geral dos visitantes e dar suporte teórico à exposição, a editora Albin Michel lançou o livro “Bagues d’Homme”, em tradução livre “Anéis de homem”, dessa forma o público em geral poderá descobrir a totalidade dessa exposição folheando as páginas ricamente ilustradas dessa bela publicação.

Historicamente, homens sempre usaram acessórios decorativos, sobretudo, durante a Idade Média, onde já existia uma diferenciação entre as joias masculinas e femininas. Numa sociedade hierárquica, os homens eram vistos como superiores às mulheres e ocupavam exclusivamente posições de poder, a única exceção dizia respeito à realeza, onde os laços familiares ocasionalmente prevaleciam sobre o gênero. Coroas, setros, broches especiais e outros itens eram usados ​​para definir papéis particulares em sociedades e países. Quanto mais joias um indivíduo pudesse usar, melhor. Para os homens, os anéis eram particularmente importantes, porque estavam carregados de simbologias e identificavam suas alianças com regiões, reinados ou culturas e, muitas vezes, vinham estampados com o símbolo ou brasão de uma determinada família, além de serem usados ​​para lacrar envelopes ou eram orgulhosamente exibidos em ocasiões sociais para declarar sua lealdade publicamente.

Ainda na idade média, vemos as joias masculinas se tornarem mais estilizadas. Gemas e pedras coloridas foram usadas pela primeira vez e o design e a moda tornaram-se cada vez mais importantes. Joias foram adicionadas a tudo, de anéis, cintos e colares a alfinetes, broches, headpieces, abotoaduras, alfinetes de gravata e fivelas. Com o aumento do comércio entre nações e continentes, mais materiais exóticos e pedras preciosas de terras distantes tornaram-se disponíveis. Naturalmente estes eram reservados exclusivamente para os membros mais ricos da sociedade. Mais uma vez, as classes altas também usavam mais ouro e prata, enquanto as classes mais baixas tinham que se contentar com seus parentes mais pobres de estanho, bronze ou cobre.

Imagens tiradas do livro “Bagues d’homme” da editora Albin  Michel. Fotografias © Benjamin Chelly © Albin Michel

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