“Aqui não é um museu”

28 de janeiro de 2016

“A ambição da Fundação Maeght é garantir que a Riviera Francesa mantenha sua reputação de vitrine internacional das artes, graças aos artistas que viveram e se inspiraram da região…

Fondation Maeght
Fondation Maeght

André Malraux, então Ministro da Cultura nos anos 60, fez um discurso exaltando esse lugar singular, durante a cerimônia de abertura da Fundação Maeght, onde afirmava em tradução livre: “Aqui não é um museu. Neste local está se tentando […] Algo que nunca foi tentado anteriormente: criar instintivamente por amor, criar um universo no qual a arte moderna poderia encontrar tanto seu lugar nesse mundo, tanto quanto o que costumava chamar no passado de sobrenatural…” Construída por Josep Lluís Sert, arquiteto de origem catalã, grande amigo de Miró, sua inauguração data de 28 de julho de 1964 e reflete a maneira de pensar arte de Aimé Maeght, que viveu essa aventura como o leitmotif da sua vida.

Fondation Maeght

A Fundação nasceu da amizade de Aimé Maeght, negociante de arte e dono de galeria em Paris, com os grandes nomes da arte moderna, incluindo Joan Miró, Alexander Calder, Fernand Léger, Georges Braque, Alberto Giacometti, Marc Chagall, Eduardo Chillida, entre outros. Ao lado de seus artistas preferidos, Aimé Maeght pode construir toda uma série de questões relacionadas aos territórios da arte, onde natureza, ecologia, ambiente e arquitetura se confundem nos jardins da sua Fundação. “Gosto de expor a coleção da Fundação Maeght e grandes monografias de artistas, além de exposições temáticas que conferem peso e experiência em torno de um colecionador e suas obras de arte porque assim fecho um ciclo em torno da razão pela qual a Fundação Maeght foi criada”, confessa seu diretor Olivier Kaeppelin.

Fondation Maeght

De professor universitário à criador de revistas de arte e literatura ou ainda produtor na Radio France, Olivier Kaeppelin também foi vice-diretor da France Culture, encarregado de programas e assessor do Presidente da Radio France para programas culturais e de desenvolvimento da política cultural do grupo. Seu percurso é pontuado de atribuições memoráveis no Ministério da Cultura para, em seguida, se tornar encarregado das artes visuais. Sua passagem pelo Palais de Tokyo permitiu fomentar e projetar vários eventos, incluindo, exposições e instalações, como as de Sophie Calle e Amos Gitai. Além disso, dentre as principais iniciativas que Olivier Kaeppelin propôs, vale ressaltar “La Force de l’Art” ou “A Força da arte”, cuja primeira edição foi realizada no Grand Palais, em 2006, ou ainda o evento “Monumenta” que oferece aos artistas de renome a possibilidade de expor sua arte sob o teto do Grand Palais. O talento de Olivier Kaeppelin para gerenciar e coordenar projetos artísticos, o levou a tornar-se curador de vários eventos, incluindo a Villa Medici, a Bienal de Veneza, os museus de Nantes, Mulhouse e de muitos outros estabelecimentos públicos e privados até tornar-se diretor da Fundação Maeght em Saint-Paul de Vence. 

Fondation Maeght

Como diretor, Olivier Kaeppelin tem um papel de liderança na gestão, além de ter carta branca como diretor artístico, onde pode exercer suas habilidades nas múltiplas áreas da Fundação, incluindo, apresentar instalações monográficas ou grandes exposições, que promovem o debate em torno da arte e de seus colecionadores. “Minha experiência em vários domínios das artes me permite apresentar exposições que abordem a relação entre os pensamentos artísticos e filosóficos. No mais, uma das premissas da Fundação Maeght é oferecer uma compreensão do mundo através das artes, com o intuito de criar uma série de experiências”, confirma Kaeppelin. “Aimé Maeght foi um grande colecionador de arte, que dedicou toda sua vida a essa paixão e é por isso que escolhemos exposições para serem exibidas na Fundação, que contem uma história de paixão, algo que reflita o fascínio e a amizade que a família Maeght cultivou em torno dos artistas e de sua arte…”

Imagem Fondation Maeght – www.fondation-maeght.com

Portrait Christian Nouzillet

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