Camille Jacquemin

20 de fevereiro de 2016

Multipremiada, jovem e talentosa, a artista da cidade de Dijon, na Borgonha, se inspira da natureza para desenhar peças delicadas em metal forjado decoradas com cristais de Murano

Aprendiz de artista é uma boa apresentação para Camille Jacquemin, essa jovem artesã que desafia horas de trabalho para moldar o metal, desenhando formas delicadas repletas de poesia. Ela mergulha fundo na sua imaginação para esculpir de ouriços à bijuterias de luxo que desfilam nas passarelas da alta-costura. Para a coleção primavera-verão 2013 da semana de moda de Paris suas criações de joias embelezaram os desfiles das Maisons Dior, Givenchy, Paco Rabanne, Revillone, entre outras. “Minhas criações são peças únicas feitas com uma variedade de materiais de qualidade. São peças que quando estou criando penso em quem vai possuí-las e coloco toda a minha emoção em sua composição,” confessa essa artesã de 25 anos da cidade de Dijon. Em seu atelier na Borgonha ela martela, perfura, adorna o bronze para transformá-lo em objetos decorativos de extrema sensibilidade.

Com antepassados paternos que eram ferreiros, seu pai estudou numa renomada escola de arte em Paris e se tornou professor de metalurgia, Camille não tinha muito como fugir da saga familiar de ferreiros e até que tentou driblar o destino. “Quando era criança não queria ir para a oficina do meu pai porque não gostava das máquinas, dos ruídos, do odor…” conta. Por isso, decidi estudar Arte e Design, meu sonho era me tornar restauradora de obras e objetos de arte”, ralata. Para entrar nesta escola especializada ela teve que prestar um concurso e os exames dessa competição exigiam produzir uma peça em metal, ela aceitou o desafio. No final, recebeu o certificado Aprendizagem Profissional em Bronze e, para coroar seu empenho, foi nomeada “Melhor Aprendiz da França”, em 2009. “Depois dessa premiação, deixei de pensar em me tornar restauradora de arte para seguir esse novo caminho da escultura em metal”, relata uma Camille sorridente. Decidida a dominar as técnicas de decoração de metais ela se superou mais uma vez e impressionou seus mestres, que a nomearam “Melhor Aprendiz da França”, em 2010.

Duas premiações consecutivas não deixaram dúvida de que as portas do destino estavam abertas para uma nova carreira. Camille decidiu se render ao seu talento natural para fazer jus à herança familiar e foi cursar em Paris a École Nationale Supérieure des Arts Appliqués et Métiers d’Art com especialização em metal. Em seguida, fez uma variedade de estágios em áreas diferentes para dominar técnicas de prototipagem de joias de luxo na maison francesa Rémy Garnier e Philippe Grand. Passou 6 meses na Inglaterra, no centro de pesquisas sobre metal, em Sheffield Hallam University, onde trabalhou na área de arte e design com o ourives e colorista de metais Cóilín Ó Dubhghaill. De volta ao seu país, mais uma vez, foi premiada no concurso “Jovens Criadores” dos Ateliês de Arte da França e foi convidada para expor seu talento durante o salão Maison et Objet, na edição de janeiro, em Paris, onde foi designada pelo público com o prêmio “Coups de cœur du public”. Para nos falar sobre o seu processo criativo e sobre o que a inspira, Camille Jacquemin aceitou responder às questões do Correspondance Magazine®

Que tipo de materiais você usa para compor suas criações?

– Uso principalmente metais, como cobre, latão, prata, ouro mas gosto de trabalhar com misturas de materiais, por isso, às vezes, adiciono detalhes em madeira, pedras semi-preciosas e vidro, como os cristais de Murano.

Como se dá seu processo de trabalho com esses materiais?

–  Tudo começa a partir de uma ideia. Faço alguns esboços antes da realização de uma das minhas peças. Em seguida, crio vários modelos que vão me ajudar a definir como a peça se comportará no final. Então, escolho uma placa de metal plana para encolhê-la e começo a martelá-la para dar forma ao protótipo.

Quanto tempo é necessário para forjar uma peça?

– É preciso um longo tempo para chegar à forma desejada. Cada vez que começamos a reduzir o metal ele torna-se mais duro e mais difícil de ser moldado. No jargão da profissão fala-se em endurecer, então, é preciso fazer o recozimento do pedaço da placa de metal, isto é, levá-la ao forno para que ela volte a se tornar maleável. Uma vez que esse processo chamado de nivelamento é concluído, a superfície do metal é retrabalhada de acordo com a forma desejada.

Como você escolhe seus temas artísticos?

– Tenho muitas ideias embora não anote tudo o que imagino. Algo que deveria fazê-lo com frequência, porque estou sempre criando mil formas e desenhos. Mas quando tenho que realizar uma nova peça tento selecionar a ideia que mais me atraiu e começo a trabalhá-la durante o dia.

O que inspira você no dia a dia?

– A natureza. Gosto de observá-la, caminhar na floresta, tirar fotos, coletar pedras, flores, penas, conchas, ouriços do mar e até mesmo alguns crânios de aves e veados! Animais marinhos me inspiram muito, talvez porque esteja muito longe do mar, isso alimenta minha imaginação e me dá a capacidade de interpretar formas, cores e materiais e forjá-los em metal.

Quais os seus próximos projetos?

– Gostaria de fazer peças com muito mais cores, talvez com resinas. Também quero  encontrar uma maneira de manter as cores ou seus aspectos na superfície do metal que, apesar de serem frágeis, embelezam e dão personalidade à peça.

Se você pudesse escolher realizar apenas três sonhos para suas criações, quais seriam?

– Criar sozinha ou em grupo uma escultura monumental, continuar à viajar para aprender novas técnicas e encontrar soluções, materiais, fórmulas químicas para fazer exatamente o que imagino!

www.camillejacquemin.com

Portrait Baudouin

 

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