Edgar Degas

14 de abril de 2017

O francês Edgar Degas, que viveu de 1834 a 1917, foi um grande observador da vida em sociedade, documentando em suas telas a história da arte, através de seu gosto pessoal pela dança, pelos cavalos e pelos acessórios acessórios, especialmente pelos chapéus. Esse é o mote de “Degas, Impressionism and the Paris Millinery Trade” título da exposição exibida no Museu de Arte de Saint Louis (SLAM) até 07 de maio com supervisão de Esther Bell, curadora de pintura européia nos Museus de Belas Artes de São Francisco, e Simon Kelly, curador de arte moderna e contemporânea do SLAM. A mostra em torno de Degas inclui 60 pinturas e pastéis de aproximadamente 1875 a 1914, situando a produção do artista no contexto do trabalho dos Impressionistas que também eram fascinados por chapéus, incluindo Édouard Manet, Pierre-Auguste Renoir, Mary Cassatt e Henri de Toulouse-Lautrec.

O museu exibe igualmente a pintura rica e colorida de Degas através de quadros que retratam o acessório, em telas conhecidas como a mulher que arranja seu cabelo, e o pastel em grande escala relacionado que vem da coleção de Courtauld, famosa galeria londrina especializada no Impressionismo e Pós-impressionismo francês. Essa pintura está sendo exibida nos Estados Unidos pela primeira vez. Outra tela que merece atenção é a da mulher com um chapéu azul – que pertence a uma coleção privada na Ásia – e é particularmente interessante, pois este é um pastel que fez parte da coleção da grande couturière Jeanne Lanvin, que começou sua vida profissional como chapeleira.

Para criar um aspecto histórico, a cenografia da exposição optou por colocar as pinturas de chapelaria e pastel de Degas no contexto de uma cultura visual mais ampla, e para isso, foi crucial incluir exemplos de períodos-chave dos chapéus parisienses, ou seja, de 1870 a 1914. O objetivo é criar conexões em termos dos projetos de chapéus e materiais – plumas, flores artificiais ou fitas – entre os chapéus que aparecem nas imagens de Degas e os chapéus reais, enquanto objetos. A exposição conta ainda com 40 chapéus parisienses originários do período, fabricados pelos mais notáveis ​​chapeleiros da época, incluindo Madame Georgette, Caroline Reboux e Jeanne Lanvin. Modelos que foram emprestados das principais coleções institucionais do chapéu, como Les Arts Décoratifs, Museu do Louvre e o Museu de Arte da Filadélfia.

O catálogo da exposição “Degas, Impressionism and the Paris Millinery Trade”, editado pela editora Prestel Publishing é especialmente recheado de imagens e textos que mostram a tensão entre a moda moderna e a reverência pela história e pela grande tradição artístico-histórica nos pincéis de Degas, Cassatt, Manet, Renoir. Enriquecido com fotografias de época, cartazes e cópias de chapéus franceses, este livro inclui ensaios que exploram o interesse particular de Degas nesse assunto. Através de exemplos de como o comércio de chapelaria é descrito na literatura, textos brilhantemente escritos tecem uma co-relação entre os mundos da indústria, da arte e da moda, além de uma crônica dos moleiros parisienses de Caroline Reboux a Coco Chanel, a publicação examina o papel fundamental dos chapéus e “hat-makers” na cultura do século XIX.

Imagem © Virginia Museum of Fine Arts

 

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