Hotel Monge

6 de junho de 2017

Patrice Henry, decorador com formação em design de interiores, gosta de criar projetos que contam uma história em quadrinhos com volumes ponderados e equilibrados. Depois de alguns anos dedicados ao designer de interiores de escritórios e showrooms de móveis contemporâneos, Henry lançou sua carreira como freelancer e há 10 anos trabalha por conta própria desenvolvendo projetos para clientes particulares. Especializado em renovação de hotéis e arquitetura de interiores, graças ao encontro com a designer de interiores Sybille de Margerie e orienta sua carreira em diferentes projetos de hotelaria e residenciais.

Enquanto para Marie-Agnès Louboutin a fluidez no espaço é essencial, assim como encontrar os materiais, suprimentos que irá proporcionar bem-estar para os nossos clientes, “é o melhor desafio”, atesta. Depois da pós-graduação na escola Camondo em ’97, embarcou para Londres para cursar a Harveys Nichols por Catherine Memmi e trabalhar na agência de design ERA, onde confessa ter aprendido muito sobre a importância das cores e do minimalismo. De volta a Paris, fez parte da equipe de decoradores responsáveis pela renovação do Palácio Plaza Athénée. Trabalhando vários anos na agência da designer de interiores de Sybille de Margerie, Louboutin desenvolve projetos hoteleiros e privados e em 2012 criou a agência própria empresa La Design Agency especializada em projetos de hotéis, bares e restaurantes.

Correspondance Magazine® visitou o Hotel Monge, um quatro estrelas situado na rua de mesmo nome, nas proximidades das arenas de Lutécia, de Saint-Germain-des-Prés e do Quartier Latin, onde encontrou os designers de interiores Patrice Henry e Marie-Agnès Louboutin, responsáveis pela nova experiência decorativa do local. Inaugurado há menos de um ano, o Hotel Monge escondido atrás de uma fachada de 1876, típica do Segundo Império, oferece aos hóspedes uma acolhida aconchegante. Os decoradores se impregnaram da história do bairro para criar um imaginário tropical com aves exóticas expostas em papéis de parede que dão o tom animalesco dos quartos e suítes. Objetos étnicos se acumulam em estantes, como gabinetes de curiosidade, em todos os recantos desse hotel cheio de charme à francesa. No salão, onde é servido o café da manhã, uma lareira em Mármore de Carrara é rodeada por móveis preciosos, tecidos refinados, objetos decorativos, obras de arte, garimpados em feiras de antiguidades. Outro ponto forte são os elevadores decorados com quadros pedagógicos que evocam a cultura italiana, verdadeiro aceno para essa casa com ares artísticos do século 19.

Conte-nos sobre o projeto deste hotel. Como vocês se apropriaram dos espaços do Hotel Monge para criar sua nova imagem?

– Mantivemos o DNA do local, que desde sua criação, sempre foi um hotel, e enriquecemos o espaço com o conceito de uma mansão chique do 5ème arrondissement de Paris.

Qual foi o primeiro pensamento de vocês ao virem a localização do hotel, próximo de tantos pontos turísticos?

– Era óbvio para nós que o hotel fazia parte de uma área tipicamente parisiense e, portanto, deveríamos primar por uma decoração que fizesse jus a história que o cerca. Tivemos um “insight” em relação ao imaginário visual do Jardim de Plantas, que fica nas proximidades e é um forte elemento desta área. Por isso, investimos nessa identidade visual com referência à história, à geografia e à alusão feita a fauna e a flora.

Vocês tiveram carta branca para definir a nova imagem do hotel ou seguiram instruções do cliente?

– Trabalhamos em perfeita confiança com os clientes, na verdade, esta é nossa segunda colaboração com eles, e tivemos carta branca para definir quase tudo. Tínhamos apenas uma instrução, que a imagem do hotel refletisse o elegante espírito parisiense, contemporâneo e clássico desse bairro cheio de cultura.

Quais foram os desafios encontrados?

– Durante os 18 meses nos quais trabalhamos nessa reforma, nosso principal desafio era contar aos hóspedes a história do local e seus arredores, que eles entendam e possam aderir a ela.

Conte-nos um pouco sobre o que vocês sentiram ao finalizar este projeto, especialmente destinado para receber pessoas de todo o mundo.

– A sensação de que fomos coerentes com o espírito do lugar, coerente entre as partes interessadas, clientes, arquitetos, decoradores e coerentes com planejamento e entrega do produto final. O Hotel Monge é um lugar que conta uma história verdadeira que tem como fio condutor os hóspedes. Foi para eles que investimos energia e sentimentos, são eles que serão capazes de se apropriar desse local e passar um momento agradável rodeado de conforto e bem-estar.

Depois de mais uma experiência hoteleira, vocês se sentem preparados para assumir outros projetos com essa mesma linha estética?

– É sempre muito estimulante desenvolver este tipo de projeto. Mas para nós, cada projeto é único, há uma história diferente a ser contada, é como uma página em branco que se abre cada vez que somos contatados para escrever uma nova biografia arquitetural, seja de uma casa, um chalé, uma villa ou um hotel. O fato de que cada cliente tem desejos e aspirações diferentes, faz com que não nos acomodemos num sistema ou que na rotina. Os acontecimentos da vida se apresentam, nos desafiam a fazer coisas que não imaginamos ser capazes de fazê-las.

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