Valérie Le Heno

13 de outubro de 2016

Como uma verdadeira “Beauty hunter” dos tempos modernos Valérie Le Heno, Diretora Artística da Compagnie Française de L’Orient et de la Chine desenvolveu seu talento para encontrar beleza em todos os lugares por onde viaja, fazendo pesquisas etnográficas à procura de artesanatos originais em países exóticos e longínquos. Graças às viagens entre a Índia e a China, Valérie Le Heno se apaixona pela Ásia sonha com a possibilidade de por em prática seu desejo de ver “com os próprios olhos” alguns dos mercados e lojas de antiguidades para procurar peças raras.

Dos seus estudos de arquitetura em Paris aos cursos abertos em outras disciplinas, como Antropologia e Urbanismo nas grandes metrópoles asiáticas, passando pela Sociologia e pela Fotografia, Valérie percorreu todas as áreas de conhecimento correlatas que viriam auxiliá-la em seus planos de se tornar uma “aventureira do artesanato asiático.” Com um diploma DPLG – Diplômé par le Gouvernement, literalmente, “Diplomado pelo Governo” nas mãos, Le Ho embarca para o Vietnã onde se instala por um ano em Hanói para se familiarizar com o artesanato local.

“Meu desejo mais profundo era revelá-los ao mundo”, confessa a diretora artística. O empenho e a determinação de Valérie rendem frutos e ela começa a trabalhar na Compagnie Française de L’Orient et de la Chine, em Paris, definindo a imagem cenográfica das lojas, vitrines e de exposições pontuais. “Minha sorte mudou quando conheci Laurent Dumas (CEO do Grupo Emeride que detém a marca CFCO), ele me demostrou sua confiança oferecendo-me esta oportunidade para me expressar de outra maneira, trabalhando em coleções e produtos”, conta Valérie Le Heno. Trabalhando em estreita colaboração com os designers de interiores Sarah Lavoine e François Schmidt o trio e lança em 2012 a loja-conceito no Boulevard Haussmann para em seguida assumir definitivamente a direção artística da Compagnie Française de L’Orient et de la Chine. Para nos contar suas viagens iniciáticas pela Ásia, Valérie Le Heno nos presenteou com suas confissões nessa entrevista para o Correspondance Magazine®

Quais suas fontes de inspiração?
– Minhas viagens em geral. Sou capaz de parar por um detalhe, pelo material ou pela técnica utilizada numa roupa tradicional ou na culinária, um tipo de arquitetura, cheiros, encontros. Há tanta diversidade cultural na Ásia, que todos os sentidos são estimulados. Navegar pelas ruas de Paris, em particular, é também uma viagem e um prazer todos os dias, a cidade é tão dinâmica, tem um ambiente estimulante e está sempre em movimento.

Quais adjetivos descrevem melhor seu trabalho?
– Estimulante, revelador, único, generoso, meticuloso.

Como você escolhe os materiais que irão dar o tom das coleções apresentadas nas boutiques “Compagnie Française de L’Orient et de la Chine”?
– Dependendo das técnicas identificadas nas regiões onde fazemos nossas pesquisas. Um trabalho quase etnográfico de descobertas e de técnicas do conhecimento que é refinado e aperfeiçoado de ano para ano. Procuramos o melhor e mais qualitativo em peças que transmitam a delicadeza de uma porcelana “Bone China” (porcelana composta de 30% de cinza de ossos desintegrados utilizado durante a fundição), a suavidade de um veludo de seda ou do cetim de algodão, a profundidade da cor de uma peça esmaltada, um verniz brilhante. Tudo isso para compor com harmonia e equilíbrio as diferentes coleções.

Você costumar trabalhar com propostas pré-estabelecidas ou sob o ritmo da intuição?
– Diria que prescrevemos tendências. Sim, há muito de intuição nesse processo, minha sensibilidade revela as tendências das estações do ano, mas sempre com antecipação.

Existem personalidades na decoração, no design ou em outra área que a influenciou? Como e por quê?
– A designer Charlotte Perriand pela sua abordagem, personalidade singular e pelos seus anos criativos dedicados ao beleza e funcionalidade. O casal Charles e Ray Eames pelo seu trabalho tão rico, que marcou o design do século 20, seu entusiasmo, humor e vitalidade. Os artistas Christo e Jeanne-Claude pelas suas criações efêmeras tão poéticas que revelam o espaço ao mesmo tempo que os esconde. Hans Wegner outra figura do design, que representa em suas peças a combinação perfeita entre beleza e funcionalidade.

Conte-nos um pouco sobre os novos projetos para a “Compagnie Française de L’Orient et de la Chine” como participação em feiras, exposições…
– Participamos em setembro deste ano da feira Maison & Objet, em Paris. As boas-vindas foram tão encorajadoras que estaremos presentes em janeiro de 2017 com o “best-seller” de nossas coleções.

Como você se define: designer, decoradora, criativa ou tudo ao mesmo tempo?
– Tudo ao mesmo tempo, porque meu trabalho é transversal. Acrescentaria os termos “exploradora”, porque a minha abordagem é principalmente para identificar um artesanato, uma habilidade técnica, em suma, um profundo trabalho de pesquisa e “cenógrafa” pois minha visão do produto ultrapassa sua função decorativa para agregar um “savoir-faire” histórico.

Quais são os projetos que você ainda não realizou e gostaria de fazê-los?
– Abrir uma loja-conceito no exterior. Percorrer as ilhas oceânicas, a Mongólia, a Austrália ou ainda decorar um hotel.

Com o que você sonha?
– Com viagens, aventuras, autenticidade e com a expansão dessa bela marca que é a “Compagnie Française de L’Orient et de la Chine”.

TEXTO & EDIÇÃO – Marilane Borges

IMAGEM – Cortesia da “Compagnie Française de L’Orient et de la Chine” © Todos os direitos reservados

Você também pode gostar...