A arte ótica de Bardula

5 de abril de 2018

“É preciso estar muito motivada e determinada, porque o trabalho artístico é exigente, difícil e cansativo fisicamente”, afirma a artista Bardula, mas não há nada mais estimulante do que construir um projeto e vê-lo ter sucesso.” Durante as comemorações dos 20 anos da Art Paris Art Fair, que acontece de 05 a 08 de abril, Bardula se debruçou sobre o país que é o centro das atenções este ano, a Suiça, para se apropriar do tema e criar peças especiais, baseando-se nos diferentes estados da água, aparentando muitas vezes ser azul ou transparente e sujeito a cristalizações geométricas para fundir-se num dos elementos principais que compõem a Terra. Para construir telas que reflitam essa temática, a artista se debruçou sobre a pesquisa geométrica valendo-se de tecnologias 3D e óticas para configurar uma série de pinturas produzidas exclusivamente para a Art Paris Art Fair.

Formada em ourivesaria pela Escola de Belas Artes da Antuérpia, na Bélgica, Bardula desenvolveu uma predileção por metal e formas geométricas. Primeiramente criando objetos, joias conceituais, esculturais e funcionais em metais preciosos, em seguida, quando morou em Nova York, suas obras adquiriram formas abstratas em metal oxidado, flertando com as construções arquitetônicas. “Com o tempo e, mais recentemente, desde 2014, comecei a trabalhar com meu alter ego, que é um arquiteto, e desse envolvimento deu-se início um novo começo para essa fase artística, que nasceu dessa produção em comum”, conta Bardula. Suas criações étéreas que exploram as construções de luz produzem um contraste impressionante entre os materiais pesados, normalmente usados para esculpir as peças, e os acabamentos no metal. “Nossa atividade pode ser considerada perigosa, dado o maquinário utilizado e a repetição cadenciada de longos movimentos,” ressalta Bardula. Todavia, o resultado é impressionante e o esforço compensa pela beleza que, em perspectiva, promove a impressão de movimento e vibração, criando uma interação cósmica entre a obra e o observador.

Mas nada disso é capaz de desestimular a artista, que atesta que “o domínio das ferramentas de expressão e a mestria da técnica são a base de nossas criações, porque somente assim podemos explorar novas ideias para criar uma outra realidade.” Para compor suas peças a artista usa 2D, 3D, LED, laser, espelho, plexiglass, metal, materiais que interagem com a luz e proporcionam efeitos óticos e cinéticos. De qualquer modo, “quando pesquisamos sobre o desenvolvimento das peças surgem novas ideias criativas e é sempre a técnica que dita o assunto”, confessa. A “arte ótica” é  uma forma de expressão artística que explora determinados fenômenos óticos com a finalidade de criar obras que pareçam vibrar ou cintilar. Contudo, diferentemente da arte cinética, a obra efetivamente não se movimenta e, na maioria das vezes é o observador quem deve se deslocar, ou movimentar os olhos, para ter essa impressão tridimensional sobre a obra, nascida da ilusão  ótica.

Envolvida em vários projetos ao longo desse ano, Bardula, após participar da Art Paris Art Fair, sendo representada pela galeria La Ligne, a artista criou uma instalação lumino-cinética monumental, que será exposta em Estocolmo e na Praça Vermelha, em Moscou. Além dessa encomenda elaborada sob medida para o grupo italiano Moncler, a artista que sonha com uma tecnologia sem fio para seus Leds e acalenta desenvolver um projeto urbano para uma grande cidade, vai ter suas obras expostas no outono deste ano na galeria Kinetica, em Londres, e na Valmore Studio D’Arte, localizada entre Milão e Veneza, duas instituições especializadas na arte cinérica, de novas tecnologias e ótica.

IMAGEM © Studio Bardula 

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