Amelia Handegan

8 de março de 2017

Seu sonho era ser pintora e Amelia Handegan até cursou a universidade de artes mas se deu conta a tempo de que seu talento para manusear os pincéis não era o seu forte. Consciente de que queria continuar trilhando o caminho das artes, Handegan desenvolveu uma outra paixão, dessa vez pela arquitetura de interiores, onde encontrou o prazer de trabalhar com cores, formas e texturas para exprimir seu antigo amor pela pintura. “Cada projeto é como um quadro em branco onde me projeto numa viagem interior em busca de novas possibilidades. Ainda estou aprendendo a ter consciência da história, das formas, das cores e da luminosidade inerentes a cada ambiente”, conta a arquiteta de interiores americana.

Trabalhando de forma “intuitiva”, como Amelia Handegan gosta de ressaltar, seu estilo pode ser considerado como uma viagem no tempo onde o passado e o futuro se encontram para reproduzir beleza. Tal qual um pintor que mistura com gradações de cores para encontrar o tom ideal, Handegan usa habilmente cores fortes ou suaves que contrastam como mobiliário e outros objetos para compor ambientes elegantes e com personalidade. Para falar do seu livro “Rooms”, lançado pela editora Rizzoli USA,  Correspondance Magazine® entrevistou Amelia Handegan e proveitou para pedir alguns conselhos para a especialista em reunir uma combinação equilibrada de estilos, épocas e origens étnicas na decoração de interiores.  “Ouça a sua casa, fique atento aos detalhes e pense na importância da luz para cada ambiente, ” segredou a designer de interiores de Charleston.

Conte-nos um pouco sobre o seu recente livro “Amelia Handegan: Rooms”.

– Entre o momento que comecei a trabalhar com a editora Rizzoli até a sua publicação, esse projeto levou cerca de dois anos para ser finalizado. Fizemos uma pesquisa especialmente sobre uma extensão do meu trabalho durante 18 anos de carreira, onde as imagens dos interiores retratam as propriedades históricas com as quais tive a sorte de trabalhar.

Segundo seu ponto de vista, quais foram as etapas mais importantes para preparar um livro com o seu trabalho?

– O primeiro grande passo é o compromisso. O próximo é ter pessoas que a rodeiam e que compreendem não somente você, mas seus projetos de arquitetura de interiores, graças ao talento de cada um deles a última análise do livro vai ser intensificada. Além disso, tinha um excelente fotógrafo, Pieter Estersohn, que fotografou meu trabalho ao longo dos anos e ele realmente entende a importância da cor e da luz invadindo um quarto. Meus pensamentos foram escritos e interpretados por Ingrid Abramovitch. Nós não nos conhecíamos antes desse projeto editorial, mas assim que nos encontramos sabia que estava em boas mãos. O meu marido John foi o meu ouvinte privilegiado e passamos muito tempo trabalhando para eu conseguir partilhar com clareza as informações que aparecem no livro. Não nasci com o dom da palavra, mas graças a Ingrid e John meus pensamentos foram bem transcritos.

Durante o trabalho de pesquisa, compilação de textos e a seleção dos projetos que seriam publicados, o que era importante para você mostrar para os leitores?

– Era importante para mim mostrar como a cor ou a falta dela assim como a luz afetam a percepção de uma decoração de interiores e, em especial, os quartos. O fato de ter um fotógrafo como Pieter que soube captar cada detalhe desses projetos é importante. Para mim era essencial que o uso da cor fosse visto como calmante e não como uma agressão visual. É possível ter uma palheta de cores serenas que se misturam com estilos, tecidos, seleções étnicas, obras de arte e períodos históricos diversos, tudo amarrado junto, mesmo em um ambiente formal.

Qual o critério que você utilizou para inserir obras de arte em seus projetos e nesta publicação?

– Muitas vezes, as obras de arte vêm do cliente, ou através de pesquisas que faço, mas na maioria das vezes utilizo obras por pura sorte. Sempre procurando e desfrutando da arte, fica fácil escolher apenas as peças certas com as quais o cliente pode e vai se sentir atraído.

Qual a parcela mais gratificante de tudo isso para você?

– O intercâmbio de ideias, sem dúvida. Além do fato de que mais um projeto foi terminando com uma sensação de que foi bem feito e no final desse esforço, há um cliente feliz. Acho que tanto o cliente como o designer são recompensados ​​quando há confiança e harmonia.

Qual é a sua verdade favorita sobre “Amelia Handegan: Rooms” e por quê?

– Não posso acreditar que ele tenha sido feito! O fato é que todo esse projeto levou dois anos, entre a proposta da editora Rizzoli e o objetivo de publicá-lo, provavelmente, três anos antes de eu começar a deliberar a respeito do assunto. Foi difícil dar esse salto! Mas finalmente ele feito puramente pelo amor que tenho pelo design de interiores e com a ajuda de Ingrid pude me expressar em palavras e pensamentos sobre mim mesma e sobre os projetos.

Você sabe explicar por quê gosta de design, decoração, arquitetura?

– Todas estas coisas estão relacionadas à história, ao toque, à absorção visual. Para quem como eu é um sonhador visual e não verbal, acho que é natural estar interessado e fascinado pelo design, pela decoração e pela arquitetura. Tenho sorte porque minha profissão se encaixa exatamente em quem sou.

Quem são ou foram os seus mentores ao longo da sua carreira?

– Billy Baldwin, de quem falo na introdução do livro, era um designer que abriu meus olhos para a harmonia do novo com o velho. Tive a sorte de conhecê-lo no início dos anos 70 e poderia descrever em detalhes seu apartamento e um apartamento que ele nos levou para ver. Admiro muitos designers do passado e do presente, assim como desconhecidos que não exercem o design de interiores como profissionais e que guardo como referência na minha memória como sendo pessoas que me influenciaram. Essas pessoas ajudam a criar um sentimento consistente e fundamentado de que bom design e conforto andam de mãos dadas.

Em que tipo de projetos você está trabalhando atualmente?

– Estamos trabalhando em vários projetos. Dois que me vem à mente são uma casa do século 18 em Charleston e um apartamento num prédio projetado por Bjarke Ingels. Dois mundos e estruturas completamente diferentes. Sinto-me muito sortuda de tê-los em meu portfólio, porque é muito emocionante trabalhar simultaneamente com o antigo e o moderno.

O que você mais aprecia no fato de ser uma designer de interiores?

– Gosto do processo e do resultado. Trabalhar com cores é o meu fato predileto, sinto-me preenchendo uma necessidade, que é a de expressar meu lado artístico como um substituto da pintura.

Se as pessoas pudessem coletar um ponto importante sobre o seu livro “Amelia Handegan: Rooms” ou acerca de design de interiores em geral, o que você desejaria que fosse?

– Meu conselho seria: “ouça” sempre a sua casa. Estude e observe o que lhe rodeia, pense na importância da luz nos ambientes e preste atenção aos detalhes.

IMAGEM – Pieter Estersohn 

 

Você também pode gostar...