Dupla de talento
Tudo começou com uma mão amiga. Quando Cristina Vezzini pediu ao colega Stan Chen para ajudar em seu projeto de graduação no Royal College of Art de Londres, faíscas voaram – literalmente – quando eles descobriram seu amor comum pela natureza e a combinação de seus respectivos materiais, cerâmica e vidro. “Encontramos grande sinergia e energia trabalhando juntos. Nós inspiramos uns aos outros. Foi isso que nos fez decidir montar o estúdio após a formatura”, diz a ceramista italiana Vezzini, que junto com Chen fundou a Vezzini & Chen em 2013.
Mas como você encontra um equilíbrio entre não apenas dois materiais aparentemente diferentes mas também culturais? Esse foi o primeiro grande desafio para os designers. Por um lado, o trabalho em vidro de Chen, nascido em Taiwan, com suas formas orgânicas e linhas suaves, tende a exemplificar o senso de simplicidade sinônimo de suas raízes asiáticas e, por outro lado, as cerâmicas mais táteis de Vezzini refletem sua herança e influências italianas. Apesar de não concordarem muito no início, eles estavam determinados a criar algo novo e, ao mesmo tempo, expressar quem são como indivíduos. E assim começou a curva íngreme de aprendizado.
“Gostamos de dizer que nos projetamos por meio da fabricação”, explica Vezzini, “porque somos fabricantes antes de sermos designers e, portanto, o processo de desenvolvimento sempre será um diálogo contínuo entre nós e os materiais.” Por exemplo, ao trabalhar com vidro, a gravidade desempenha um papel vital na formação da forma de uma peça, e somente quando a forma está finalizada é que eles podem começar a trabalhar nas texturas.
“O entalhe é uma das nossas partes favoritas do processo de fabricação”, diz Chen. “Uma forma completamente lisa sem textura parece nua, e esculpir à mão é como vestir a forma.” E, novamente, há um equilíbrio fino, desta vez entre as superfícies texturizadas e não texturizadas. “O espaço vazio é tão importante, como nas pinturas a tinta chinesa”, observa ele.
Vezzini e Chen começaram a procurar parcerias nos primeiros anos, participando de exposições em Milão, Londres e Nova York, e até fazendo uma mostra individual na Suíça em 2016. Mas sua ‘grande chance’ veio de sua recente colaboração com a empresa de móveis britânica Heal’s, com quem fizeram parceria para lançar coleções exclusivas de pingentes, lustres e lâmpadas inspirados na natureza no início de 2019.
Embora possam não ser tão intrincados quanto os outros trabalhos de cerâmica e vidro de Vezzini & Chen – Seed Light, por exemplo, é inspirado nas diferentes formas e padrões das sementes que Vezzini coletou ao longo de sua vida, enquanto o recente Glow combina discos de vidro delicadamente gravados com um núcleo de cerâmica esculpido à mão – as peças, lançadas no início da pandemia, tinham como objetivo ajudar as pessoas a verem suas casas não apenas como um local de abrigo, mas também como um santuário.
Enquanto a natureza é uma fonte comum de inspiração para designers de um modo geral, as reflexões de Vezzini e Chen sobre a natureza possuem uma certa qualidade zen. “A ideia de crescimento e sua conexão com as sementes e a luz é o motivo da maior parte do nosso trabalho. A semente é um símbolo de vida e crescimento – a maioria das sementes precisa de luz para crescer, um pouco como nosso trabalho precisa de luz para ganhar vida”, explica Vezzini. “O mesmo vale para uma ideia – ela precisa de tempo para crescer e florescer”, acrescenta Chen. Ela não pode ser apressada. Quando chegar a hora certa, ela vai florescer.
Reportagem Especial Correspondance Magazine®
IMAGEM – Cortesia do estudio Vezzini & Chen em imagens clicadas por Sylvain Deleu © Todos os direitos reservados
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