A arte de Speedy Graphito
O “Museu Imaginário” simboliza minha carreira artística, minhas influências e minhas obsessões, atesta o artista e grafiteiro Speedy Graphito, que se apropria de varios médiuns para passar a sua mensagem. Correspondance Magazine® conversou com Olivier Rizzo, que atende pelo nome artístico de Speedy Graphito durante o lançamento de seu livro “O Museu Imaginário de Speedy Graphito”, lançado pela editora In Fine Editions d’art com textos do artista. Precursor e pioneiro do movimento francês de “Street Art”, o trabalho de Speedy Graphito é reconhecido e exibido na França e internacionalmente. Multiatalentoso, ele se apropria de todas as formas de expressão pintura, escultura, instalação, performance, fotografia, vídeo-instalação para criar uma linguagem própria, fomentando questionamentos sobre a cultura de massa e a sociedade de consumo, usando, em particular, os códigos da iconografia pop, dos videogames, da pop arte para criar um contraponto crítico com a realidade das grandes metrópolis.
Que evento desencadeou em você essa paixão pela arte visual?
– Comecei a pintar ainda muito jovem. Pequeno, passava meu tempo desenhando em todos os objetos da casa. Aos 9 anos, fiz aulas de desenho, aos 14 anos, fiz cenários. Depois de cinco anos na escola de arte, criei minhas primeiras pinturas com o nome de Speedy Graphito, para falar sobre paixão ou destino. A arte veio até mim como uma razão de viver.
Como você descobriu a arte de rua? De onde vem o seu fascínio por este meio artístico?
– No início dos anos 80, quando apresentei meus trabalhos nas galerias, recebi apenas recusas. Não encontra lugar para expor. A rua me ofereceu essa possibilidade. As superfícies eram grandes e esse cenário me deu o sabor da grandeza. Então, reproduzi meus trabalhos nas paredes como se quisesse criar um museu ao ar livre.
Você poderia nos contar mais sobre o projeto do livro “O Museu Imaginário do Speedy Graphito”?
– O “Museu Imaginário” simboliza minha carreira artística, minhas influências e minhas obsessões. A história da arte continua sendo uma grande fonte de inspiração para mim. Foi ela quem me construiu, quem me deu gosto pela pintura. Este livro traça os grandes movimentos da arte que pratiquei: arte moderna, surrealismo, abstração, arte de rua… Este é o meu museu pessoal como uma viagem na minha história.
Em geral, como nascem suas criações? Qual é a parcela de preparação e observação antes e qual é o lugar da improvisação durante?
– A criação pode assumir várias formas. De modo geral, deixo um esboço para ter a intenção, depois a improvisação é feita na tela ou na parede. Algumas coisas são reveladas apenas na mídia.
Qual é o melhor momento para “grafitar” uma cidade? Você tem uma especificação?
– Meus primeiros muros foram pintados ilegalmente à noite, quando a cidade estava dormindo, quando o silêncio dá a impressão de que o artista está sozinho no mundo. Hoje, a arte de rua conquistou seu lugar no espaço urbano e os artistas de rua se tornaram estrelas. Pessoalmente pinto em plena luz do dia sem nenhum problema. Os papéis foram revertidos, agora, são as cidades que estão solicitando que os artistas de rua se apropriem dos seus muros. Não sou um pintor que gosta de trabalhar sob uma temática definida, por isso estou sempre livre para evocar o que me interessa em minhas criações.
Existem outros campos artísticos que você se interessa ou deseja experimentar?
– Já experimentei a maioria das mídias pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo, imagens digitais… Estou sempre interessado em novas técnicas, elas nos pressionam a reinventar. A realidade aumentada permanece para mim uma área a ser descoberta.
Existem alguns artistas que inspiram você?
– Sou sensível aos artistas que construíram a história da arte como Miró, Picasso, Géricault e muitos outros. Eles são os fundadores que deram à arte sua nobreza. Também sou muito curioso no que se refere à jovem criação contemporânea que definirá a arte de amanhã. Sinto-me no meio da estrada do tempo e tento deixar minha marca.
Depois do lançamento do seu livro, quais outros projetos estão em andamento?
– Atualmente, a exposição que leva o mesmo nome do livro “O Museu Imaginário de Speedy Graphito” é exibido em Toulon até 2 de junho e conta com mais de cem obras. Uma exibição na Galeria Barthélémy Bouscayrol, em Biarritz, será realizada em julho e uma outra exposição no Cloitre d’Arles vai ser inaugurada em outubro. Paralelamente, vários muros pintados estão por vir, incluindo “Le Mur de Nancy” e um grande projeto coletivo no Clos du Chêne, em Marne la Valée, no início do verão deste ano.
EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
IMAGEM – Cortesia do artista Speedy Graphito © Todos os direitos reservados
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