Artur Miranda e Jacques Bec

6 de outubro de 2015

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Para festejar mais uma primavera, AD Intérieurs convidou 15 decoradores, designers e criadores para montar cenários que reflitam os modernos modos de vida. Do escritório à cozinha, passando pela sala, todos se impregnaram de suas referências estéticas para criar uma cenografia rica e imaginativa colocando em evidência a decoração de interiores do futuro. A apresentação desses projetos no Palácio de Iéna, sede do Conselho Econômico, Social e Ambiental, mostrou vários cenários criativos em harmonia com essa temática atual. Correspondance Magazine® entrevistou com exclusividade Isabelle Stanislas, Bismut & Bismut, Dimore Studio, Damien Langlois-Meurinne, Thierry Lemaire, Patrick Norguet, Oitoemponto, Daniel Suduca e Thierry Mérillou para conhecer em detalhes suas histórias, aspirações, novos projetos e muito mais… Boa inspiração!

Fale-nos um pouco da trajetória de vocês…

– Temos uma formação variada de moda e design de interiores. Jacques Bec, francês, e formou-se pela ESAG Met Penninghen, uma escola de design, arte gráfica e arquitetura de interiores, em Paris. Fascinado pelo teatro e pela ópera, gosta da opulência que define os séculos XVIII e XIX. Artur Miranda, português, depois de ter feito cursos de moda e design na Escola Arvore, em Porto, passou uma temporada na Suécia de onde voltou fascinado pelo design escandinavo. Em 1993 Miranda fundou seu escritório de mobiliário e arquitetura de interiores, que batizou de Oitoemponto… Em 1995 Jacques Bec entrou nessa aventura e desde então nossa história, que é feita de paixão, continua evoluindo.

Quais suas fontes de inspiração?

– O patrimônio que acumulamos no nosso trabalho e pode estar relacionado a várias coisas, de um palácio italiano a uma loja de antiquário dos anos 30-40, nossas fontes de inspiração são múltiplas e variadas, porque temos olhos constantemente em alerta para captar novas ideias e aprofundar nossa inspiração para criar nossa própria identidade.

Quais as palavras que melhor definem o trabalho de vocês?

– Conforto, ecletismo, erudição, humor, precisão. Nós temos uma relação muito forte com o passado e acreditamos que a psicanálise é uma das palavras que define nossa profissão. É esse olhar apaixonado pelo passado que nos faz evoluir rumo ao futuro.

Como vocês escolhem os materiais com os quais irão trabalhar?

– Depende de cada projeto, da sua localização e do desejo dos proprietários. Somos apaixonados por materiais nobres como mármore e madeira que podem ser utilizados polidos ou de forma bruta. Tecidos como veludo, linho, seda também fazem parte do nosso repertório para a decoração. Gostamos de elementos com identidade, que tenham passado pela experiência do tempo e, à priori, todos os materiais nos interessam pelo que eles podem agregar ao projeto.

Vocês trabalham sob o ritmo das tendências ou seguem uma “dupla” intuição?

– Não funcionamos de acordo com as tendências tal como um conceito de moda. Para a decoração de interiores o termo “tendência” tem mais a ver com os locais, com as pessoas. No mais, tendência é o que vai passar, nós funcionamos sob o ritmo da nossa intuição e, não somente, também agregamos a observação e uma certa análise sobre a evolução do estilo de vida das pessoas para pontuarmos nossas propostas.

Existem personalidades do mundo da decoração, do design ou outra área que os inspiram?

– Nos inspiramos de vários setores e não somente da decoração mas do mundo em geral. Na arquitetura somos admiradores de Oscar Niemeyer, John Lautner, Paul Rudolph, entre outros. No design, apreciamos Ron Given, Philippe Starck e, como cinéfilos, admiramos os cenários dos filmes de Hitchcock, Peter Sellers, Kubrick. As imagens nos inspiram porque somos pessoas plásticas, emotivas gostamos de observar o mundo ao redor e ser impregnado por ele.

Como vocês se definem: designers de interiores, decoradores ou criativos?

– Na verdade, somos psicólogos! Ajudamos as pessoas a viver melhor e nesse sentido a arquitetura é super-importante porque encadeia outras ações relacionadas à criatividade e à decoração de interiores. No final, somos um pouco de tudo o que foi citado porque essas palavras podem dizer a mesma coisa, o que muda são as nuances com as quais elas aparecem em cada projeto. A nossa “pretensão” é tornar a vida das pessoas mais alegre e nosso trabalho não é apenas estético, tem uma parte técnica e prática, porque as coisas tem que funcionar no dia a dia, por isso, é preciso calcular detalhes, como onde as tomadas serão instaladas.

Quais são os novos projetos?

– Nós estamos desenvolvendo trabalhos residenciais em todo o mundo de São Paulo à Saint-Tropez, passando por Angola. Temos projetos relacionados à hoteleria em Portugal e abrimos recentemente um showroom no Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa. Em Porto,  temos nosso atelier e a loja de mobiliário vintage, onde apresentamos uma coleção de mobílias assinada Oitoemponto, além de acessórios.

Com o que vocês sonham?

– Dormimos pouco e sonhamos com muitas coisas. Sonhamos, especialmente, com viagens para descobrir novos mundos e, com nossas ideias, enriquecer a vida das pessoas com as quais iremos trabalhar.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges

IMAGEM – Cortesia do escritório OITOEMPONTO © Todos os direitos reservados

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