Estilo brutalista

14 de junho de 2020

Para a arquiteta e designer de interiores Clarice Semerene, transformar esse espaço de 1.280 pés quadrados para um casal aficionados por fotografia era bastante natural. Brasileira, baseada em Nova York, Clarice conhecia as referências necessárias para tornar este apartamento uma ode à sua localização que se ajustasse perfeitamente ao estilo de vida dos proprietários. “Eles queriam que o apartamento refletisse sua origem de Brasília, uma cidade modernista construída em 1960 pelo arquiteto Oscar Niemeyer”, diz ela. “O casal imaginou seu apartamento coberto de concreto e com espaços conectados visualmente. Ao mesmo tempo, eles queriam uma sensação suave e aconchegante para contrastar com a frieza do concreto. ” Os proprietários Tamires e Samuel adoram viajar e queriam mostrar seus equipamentos fotográficos antigos coletados em todo o mundo. Após uma longa pesquisa, eles finalmente encontraram – graças a alguns amigos – o lugar que tinham em mente. “Queríamos grandes janelas e muita luz solar, então, quando visitamos esse apartamento, foi amor à primeira vista”, diz Tamires.

Inicialmente esse imóvel era composto por dois quartos e uma suíte master, uma cozinha fechada e uma grande lavanderia, o novo espaço prioriza claramente a área social e dá uma sensação de abertura e integração sem fronteiras. “O apartamento tinha muito potencial devido à sua estrutura limpa, com poucos pilares e ausência de vigas aparentes, o que me daria mais liberdade para criar um layout aberto”, diz Clarice. O terceiro quarto foi substituído pela sala de jantar e o segundo pela sala de TV; a suíte master integra um banheiro com uma partição transparente que separa as duas áreas e as mantém visualmente conectadas. A cozinha foi reorganizada e integrada ao espaço principal. “Passamos muito tempo na cozinha”, diz Tamires. “Podemos cozinhar juntos ou nos ver trabalhando no escritório. ”

Tamires trabalha em casa, então ela precisava de uma área de trabalho, que também seria usada pelo marido. Não querendo perder a luz natural, Tamires usa um espaço no centro do apartamento. “A estante de ferro comprida aparece como um elemento multifuncional – fecha o escritório, mantém a coleção de equipamentos fotográficos, plantas e objetos antigos e dá lugar a um balcão alto na cozinha”, explica Clarice. “Este elemento reforça a continuidade entre todos os espaços e dá personalidade ao apartamento.” Divisórias e portas em ferro e vidro isolam a acústica, mas não bloqueiam a vista. Materiais naturais e contrastantes – como gesso, cimento no chão, paredes e teto – foram usados ​​para criar equilíbrio e adicionar uma sensação de rusticidade. O mármore Nero Marquina nos banheiros rompe a rugosidade do concreto; a madeira traz calor para o espaço; e o vidro reforça o conceito de espaço aberto e permeável.

“Fazer nossa primeira casa com nossa personalidade foi um marco em nossas vidas”, diz Tamires. “Somos práticos e preferimos um humor sóbrio e natural. E acho que nosso apartamento reflete isso.” O cinza em diferentes tons e texturas prevalece, fornecendo uma base neutra para experimentar toques de azul, verde e rosa empoeirado nas obras de arte e peças de móveis brasileiras e italianas. “Merlot, o gato dos moradores, foi uma grande fonte de inspiração”, observa Clarice. “Durante o briefing, sempre peço aos clientes que descrevam o que desejam para sua casa. Tamires e Samuel resumiram a atmosfera ideal em três palavras: ‘elegante, suave e cinza – como nosso gato, Merlot’. A partir dessa frase simples, nasceram o conceito e o nome do projeto.”

REPORTAGEM ESPECIAL – Karine Monié

IMAGEM – Joana França, 2020 © Todos os direitos reservados

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