Constantina Tsoutsikou

Designer de interiores baseada em Londres, Constantina Tsoutsikou imagina projetos tão variados quanto diversos ao redor do mundo, principalmente em hotéis de luxo e resorts multi-premiados.

Quando ela fala de sua carreira, Constantina evoca suas primeiras lembranças de design de interiores em torno das páginas de revistas que tínhamos em casa, principalmente títulos australianos.

“Os projetos apresentados mostravam casas cheias de luz solar intensa, com jardins tropicais e uma generosa sensação de espaço, essa inspiração me acompanha até hoje e me dei conta que sempre quis seguir esse caminho, desde criança.”

Depois de ter concluído seu bacharelado em Atenas e mestrado em Artes pelo Chelsea College, Institute of the Arts, em Londres, Constantina Tsoutsikou debutou uma curta carreira em Atenas que envolveu trabalhar para o departamento de design da Estée Lauder, implementando padrões de marca em novas aberturas e design de móveis.

“Foi minha primeira introdução no mundo do design de varejo, cosméticos e bem-estar, e uma ótima oportunidade para conhecer as diferenças entre as marcas e seus valores”, confessa. Vinte anos depois, Constantina Tsoutsikou foi premiada com o Gold Key Awards para spa e bem-estar.

Em 2003 Constantina mudou-se para Londres e começou a trabalhar no design de F&B, conceituando, projetando e abrindo restaurantes e lojas de varejo em locais no centro da cidade e progrediu no design de hotéis nos 15 anos seguintes, trabalhando para um grande estúdio internacional especializado em hospitalidade de luxo.

“Comecei como designer e ao longo dos anos tornei-me Diretora do escritório de Londres. Foi uma época fascinante que me deu a oportunidade de aprender e trabalhar em diferentes partes do mundo com marcas conceituadas em projetos premiados, da Irlanda à Istambul e de Amsterdã à Macau”, relembra.

Tirando partido dessa experiência internacional, Constantina Tsoutsikou planejou abrir seu próprio business. “Parecia uma progressão natural e uma nova fase para mim me afastar de uma agenda diária muito acelerada e criar o Studio LOST.

A decisão mais difícil foi escolher o momento exato dessa nova etapa, embora a ideia estivesse na minha cabeça há muito tempo, demorei alguns anos para ativá-la na verdade. Sempre havia um projeto incrível acontecendo que eu queria concluir e assim por diante…”

Sua empresa nasceu no ano de 2013, o nome LOST surgiu por volta de 2017 e, oficialmente, o estúdio foi lançado em janeiro de 2020.

Os primeiros passos foram bem distantes no tempo, mas tudo aconteceu em um ritmo vertiginoso desde 2020. Recebemos vários prêmios e indicações de nossos projetos dentro dos dois anos logo após o lançamento.

O Studio ganhou recentemente 4 prêmios no 18º Hospitality Design Awards para os projetos The Royal Senses Resort, a Curio by Hilton & NUMO Ierapetra Beach Resort, incluindo Best Public Areas Upscale, Best Suites, Best Transformation e o cobiçado ‘BEST IN SHOW’.

De acordo com Constantina, a definição de LOST é sobre o desconhecido e as viagens criativas que levam à novas descobertas.

“Mergulhar no processo criativo é essencial. Afinal, não temos todas as respostas quando iniciamos um novo projeto. Em vez disso, fazemos perguntas, escolhemos novas rotas e investigamos outras abordagens. Recolhemos ideias e as compilamos no contexto da localidade para criar uma narrativa e posicionamento do hotel. Esse processo nos leva à intenção do projeto”, filosofa.

A identidade do Studio LOST segue conquistando clientes inspirando calma, sofisticação se apropriando de materiais naturais como pontos-chaves as cores e a arte eclética através de acessórios escolhidos à dedo. “Cada projeto é diferente mas nossos valores permanecem os mesmos”, repete Constantina.

Correspondance Magazine® conversou com exclusividade com Constantina Tsoutsikou para que ela nos falasse dos projetos que desenvolve atualmente e o quais as cordas no seu trabalho com as quais seu coração vibra e fazem prosperar os projetos criativos do Studio LOST.

Como você encontra energia para criar, interpretar e desenvolver projetos tão diferentes?

– É um privilégio trabalhar nos projetos tão especiais que temos no estúdio. Tenho muito orgulho de tudo o que estamos fazendo. Alguns são pequenas reformas, como as Blue Residences, que serão lançadas em Creta em 2023, e outras são lindas novas construções para marcas de luxo em locais incríveis como Rhodes. Cada equipe é composta por arquitetos talentosos, consultores especializados e hoteleiros experientes.

Os clientes nos procuram para orientação, para moldar seu investimento e ter uma posição única no mercado. A variedade do nosso trabalho torna cada dia diferente e, embora cada projeto seja único, muitas vezes levamos aprendizados de um para o outro e polinizamos ideias.

Qual é a parte mais gratificante de tudo isso, além do fato de estar no comando de sua criatividade?

– É muito gratificante ver os espaços ganharem vida. Gosto de ver as pessoas relaxarem nos espaços que criamos, relaxando na piscina do NUMO Beach Resort em Creta ou tomando um café da manhã preguiçoso na cama nas suítes Royal Senses, por exemplo.

O que exatamente lhe fascina no mundo do design de interiores em geral e por quê?

– Um dos fascínios do nosso trabalho é poder descobrir diferentes culturas, interpretar pontos de contato históricos através de uma nova lente, investigar oportunidades de artesanato locais para o projeto. Não há duas propriedades iguais.

Você fala bastante sobre a importância da cultura local, como você se apropria desse conceito de sustentabilidade em seus projetos?

– A sustentabilidade está no topo da agenda do Studio LOST. Criamos em cada projeto nossa rede de fornecedores locais, estamos atentos à reciclagem e a economia de materiais fazem parte da nossa mentalidade à medida que desenvolvemos a intenção do projeto.

Ser ecologicamente consciente e fazer escolhas de design sustentáveis é um dos valores que cultivo que me dá muito prazer.

Você poderia citar um dos projetos do Studio LOST onde essa filosofia de sustentabilidade foi aplicada na prática?

– No resort de praia NUMO – um projeto rápido de facelift / renovação em menos de 12 meses – guarda-roupas e cabeceiras foram reciclados, remontados e envernizados para se adequar à estética arejada do resort.

O processo resgatou mais de 260 metros lineares de guarda-roupas e 300 metros de painéis de cabeceiras, enquanto 130 mesas de cabeceira e todas as antigas estruturas de madeira das áreas externas foram recondicionadas.

Foi uma decisão de design consciente manter o antigo e torná-lo novo, transformando-o numa linguagem visual unificada e consistente.

Nas áreas externas, antigas estruturas de madeira e pérgulas desgastadas foram recondicionadas, as portas dos quartos receberam uma nova pintura e o piso de pedra original foi jateado e preservado.

O resultado é uma estética de luxo sem frescuras que foi alcançada provocando o menor impacto ambiental possível.

Em quais projetos o Studio LOST está engajado atualmente?

– Estamos imaginando um resort em Rhodes, na Grécia, um novo hotel em Lucerna, na Suíça, entre outros. Cada local tem sua própria personalidade e nosso objetivo é criar experiências de hotel imersivas que estão à frente do seu tempo, cada um com personalidade única e distinta.

Como designer de interiores, do que você mais gosta no seu ‘métier’?

– Adoro a composição, a ‘síntese’ de ideias reunidas para formar uma nova narrativa de design. A materialidade, o jogo entre texturas suaves e ásperas, a escolha de cores e materiais é uma das partes mais importantes. Cada projeto significa uma viagem de descobertas e todo esse processo é muito gratificante.

Se as pessoas pudessem tirar apenas um ponto importante sobre o Studio LOST, o que você gostaria que fosse?

– Inusitado, acolhedor, icônico. Em suma, uma proposta para escapar da realidade.

Quais as suas melhores lembranças da infância?

– A casa de veraneio dos meus pais, repleta de tesouros de suas viagens pelo sudeste da Ásia, onde eles tinham coleções de rolos de tecidos indianos serigrafados, pinturas antigas, entalhes e várias curiosidades que me impressionaram e me inspiraram a longo prazo essa paixão pelo artesanato.

Cresci cercada por objetos de arte. Minha família trabalhava com molduras e esse é um ofício muito específico, porque seu olho é treinado para detectar o menor erro. Meio milímetro de um erro fará com que a imagem pareça desequilibrada e será necessário refazer o quadro, começando tudo do zero novamente!

Então, podemos afirmar que você desenvolveu suas habilidades de observação desde cedo…

– Certamente porque, de alguma maneira, meus olhos foram treinados para avaliar e se apropriar dos detalhes.

Nesse ofício, o processo de adaptação à estética é intenso porque a demanda para enquadramentos e molduras específicas pode vir de diferentes tipos de artes, como pinturas, bordados, técnicas mistas, gravuras, etc.

A diversidade artística e funcional desse ambiente me deu todas as ferramentas para progredir no curso de design de interiores na universidade.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges