Villa K

20 de janeiro de 2023

Entre castelos, vilas e vinhedos do norte da Itália, Alvisi Kirimoto concluiu a restauração e ampliação da Villa K – um refúgio aninhado em uma área montanhosa de dois hectares, que celebra a paisagem e se funde com suas linhas sinuosas . O complexo desenvolve-se numa área de 910 metros quadrados e é composto por dois volumes existentes com as características típicas da arquitetura rural, e um pequeno corpo adicional, alternando com um conjunto de espaços exteriores.

O projeto parte do paisagismo para definir a nova entrada e as vistas privilegiadas na disposição dos novos elementos. Entre eles, destacam-se o uso deliberado da madeira, que amplia a área de convivência e parece se dissolver entre os vinhedos; as esplanadas para as hortas e zonas verdes dedicadas ao esporte; e a grande piscina infinita com vistas deslumbrantes sobre todo o vale, acompanhada por um elegante deck de madeira que abriga a área do solário.

As grandes árvores foram preservadas para sombrear as áreas pavimentadas com pedra local que se estendem entre os dois edifícios. A partir do portão de acesso, a estrada de cascalho e a calçada de pedra Luserna conduzem ao volume principal e aos quartos com entradas independentes. As áreas de serviço mais funcionais, como o estacionamento subterrâneo, ficam ocultas e são incorporadas ao subsolo.

O coração do projeto é a extensão de madeira que amplia a área de estar do edifício principal. Transparente e leve, o volume afirma-se formalmente e ao mesmo tempo dialoga respeitosamente com a pré-existência, fundindo-se ao longe com a paisagem envolvente. O uso de materiais naturais, como o piso de tábuas de carvalho, a cor clara das paredes e do teto e as grandes janelas, tornam os interiores luminosos e minimalistas.

A estrutura, isolada e coberta com ripas de madeira de cedro, tem um ritmo regular que aumenta próximo ao exterior, até se tornar uma pérgula. Com vista para o jardim e para a piscina panorâmica, o alpendre alberga uma zona de barbecue e forno de pizza, e está equipado com uma grande mesa em teca para aproveitar os dias de verão.

O exterior encontra-se assim totalmente renovado, com uma espacialidade dinâmica e articulada, composta por múltiplas facetas, de forma a que a moradia se apresente sempre diferente consoante o ponto de vista. Uma clara disposição geométrica preenche os volumes originais e favorece um esquema de distribuição voltado para o exterior: “O elemento natural inspirou muito a gênese do projeto: a ideia era compor um único espaço permeável entre interior e exterior, de modo que a estrutura surgisse do colinas como uma pérola escondida, e a explosão de energia da paisagem podia ser apreciada de todos os cantos da casa ” – explicam os arquitetos Massimo Alvisi e Junko Kirimoto.

O ritmo estrutural, cria uma cadência entre as aberturas e a consistência das paredes das antigas casas rurais, que foram preservados do antigo complexo, juntamente com os acréscimos de materiais naturais, que criam continuidade entre interior e exterior. As generosas superfícies envidraçadas amplificam a sensação de abertura, mantendo a privacidade dos ambientes domésticos.

A extensão para o subsolo do edifício principal gira em torno de um novo pátio verde, favorecendo a iluminação natural dos quartos voltados. Revestida em tijolos de pedra local, com piso de saibro e passarelas de pedra, forma um open space mais intimista, ao serviço dos novos ambientes.

O edifício principal está distribuído por três níveis. O espaço térreo abriga a cozinha, a zona de refeições e uma ampla sala de estar, inclinada para fora graças ao volume de madeira entre os quartos, separando a zona de refeições da sala de estar, encontra-se uma lareira a gás de dupla face pendurada no tecto, inteiramente em ferro. O primeiro andar abriga o quarto principal, com closet e banheiro em estreita conexão com o exterior, graças ao original sistema de entrada.

Na cave, para além dos serviços, a garrafeira, que abriga o espólio particular dos proprietários de mais de 3.000 garrafas, encontram-se duas suites, às quais se acede pelo exterior ou pelo rés-do-chão através da nova escadaria em ferro e pedra que liga os vários níveis da quinta.

A primeira suite caracteriza-se pelo tecto com abóbadas originais em tijolo vermelho e um grande arco fechado em ferro e vidro, que separa a zona de dormir da sala de estar privativa. Com vista para o logradouro, tem acesso independente pelo exterior.

A outra suite, de linhas mais contemporâneas, configura-se como um grande loft com zona de dormir e casa de banho privativa, em continuidade visual com a sala de estar. O acesso faz-se pelo exterior, através de um pequeno caminho local em calçada portuguesa que conduz à piscina e à zona ajardinada.

O projeto consiste num outro edifício de menor dimensão distribuído por dois pisos, que integra outras três suites – dois quartos no piso superior e um pequeno loft no piso inferior, cada um com acesso independente pelo exterior.

Reinterpretando o território de forma contemporânea, os interiores são cálidos e acolhedores, elegantes e minimalistas. O uso abundante de materiais naturais se alterna com a mistura heterogênea de móveis feitos sob medida, móveis de design nórdico e inúmeras obras de arte.

Um acabamento de microcimento cinza foi usado para o piso dos níveis inferiores; o piso térreo apresenta uma pedra cinza local; enquanto o piso superior e o volume de madeira são revestidos com parquet de carvalho natural.

Nos pisos inferiores e no edifício principal imperam as paredes brancas e os tetos em tijolo, enquanto no primeiro piso as paredes brancos autografam o edifício principal, e os tetos com vigas de madeira expostas pintadas de branco distinguem os espaços menores.

Longe da agitação da cidade, Alvisi Kirimoto cria uma casa de fazenda que aprimora a dimensão mais autêntica da vida. Um oásis de relaxamento que combina charme rural e elegância contemporânea.