As cerâmicas de Beth Katz

14 de dezembro de 2018

Não há nada mais inspirador do que as pessoas que se reinventam, por isso, quando ouvimos falar de Beth Katz, sabíamos que precisávamos conhecê-la. Essa alma criativa, que também foi uma maquiadora de celebridades e diretora criativa de revistas em uma vida passada, tem feito lindas peças de cerâmica há anos, e recentemente transformou seu hobby em um empreendimento de tempo integral através de sua marca Mt. Washington Pottery. “Eu amo barro e sou infinitamente fascinada pelas suas qualidades inatas de suavidade e força”, diz ela. “Quando você abre o forno depois de tê-lo feito trabalhar, você sempre fica surpreso”, confessa a ceramista. “É como receber um monte de presentes!” Paramos em seu estúdio no bairro de Frogtown, em Los Angeles, para conversar, vê-la em ação e babar em sua última coleção.

O que inspirou você a começar o Mt. Washington?

– Fui maquiadora de TV e filmes, diretora de criação de uma revista e voltei para a pós-graduação. Ao longo de todo esse tempo, fiz cerâmica aqui e ali. Como um presente para a formatura da escola, decidi dedicar um mês ou dois à cerâmica, uma vez que sempre amei, mas nunca dei uma chance para esse talento, que acabou se transformando em uma atividade completa e consegui montar um estúdio de verdade.

De onde é que vem o nome Mt. Washington?

– Realmente moro no Monte Washington. Quando comecei a fazer cerâmica, dei esse nome a minha marca porque fiz no meu quintal e a associação com o local se tornou uma referência.

Falando em nomes, seu estúdio está em um bairro de Los Angeles chamado Frogtown – alguma ideia de por que é chamado assim?

– Penso que por sua localização, ele fica bem nas encostas do rio Los Angeles, que costumava ser muito vibrante com muita vida natural, incluindo toneladas de sapos, e foi assim que ele ganhou o nome. Recentemente, houve um grande impulso para reviver o rio e os sapos estão voltando – você pode ouvi-los no início da manhã e a noite.

Como é um dia típico em sua vida?

– Vou ao estúdio no mínimo cinco dias por semana. Sou uma pessoa matinal, gosto de levantar cedo e entre 7h e 7h30 já estou no estúdio. Amo essa atmosfera matutina quando tudo ainda está muito quieto. É quando começo a imaginar a maioria dos meus potes. Depois volto para casa para almoçar e passear com os cachorros. Normalmente guardo as tardes para trabalhos menos criativos, como organizar papeladas e responder e-mails.

Quais são seus materiais favoritos para trabalhar?

– Porcelana e grés. Trabalho com um tipo particular que é um cone de fogo alto 10 e uso um forno a gás.

Quando você lança uma fornada, qual a temperatura ideal do forno?

– Cada peça é aquecida duas vezes. Primeiro uma queima de bisque com uma temperatura baixa e lenta, onde o forno chega a cerca de 1800 graus. E a segunda fornada o calor deve aumentar para algo em torno de 2300-2400 graus.

A cerâmica é um trabalho especialmente manual. Como você chegou a conclusão que amava cerâmica, foi pelo fato de poder trabalhar com as mãos?

– Desde sempre gostei de trabalhos manuais, nasci dessa forma! Não há dúvida de que quando não estou fazendo cerâmica, não me sinto na minha pele. Amo o barro barro e sou fascinada com suas qualidades inatas de suavidade e força. Eu me esforço para permitir que a natureza do barro seja visível em meu trabalho para que as pessoas sintam o mesmo deleite que eu encontro ao moldar esse material.

Você acha que trabalhar com argila é meditativo?

– Com certeza. Eu preciso me concentrar na argila, essa é a primeira coisa que você faz quando está no torno e prestes a começar a esculpir uma peça. Se sua mente está em outro lugar, não é a atividade mais fácil de se desenvolver. Você tem que centrar seu barro e se concentrar no que está fazendo.

O que passa pela sua cabeça quando você termina uma fornada e olha para uma peça completa?

– O que eu vou fazer da próxima vez? Minha primeira crítica é sempre técnica: “Como faço para tornar este canto mais quente?” Mas também sou capaz de voltar atrás e começar a pensar mais emocionalmente: “Olhe para todos esses presentes!”

Seu espaço é tão agradável e organizado, é sempre assim?

– Eu o limpo todas as noites antes de sair. É quase ritualístico para mim. Estive no Japão várias vezes, tenho um amigo que é um mestre oleiro lá, e essa é uma filosofia japonesa. Não se trata apenas de respeitar o seu espaço, limpar é uma forma de respeito.

O que inspira você diariamente?

– A beleza natural da paisagem do sul da Califórnia, particularmente os bairros de Topanga Canyon e Laurel Canyon, onde passei meus anos de formação, e que me influenciaram no meu trabalho. Também sou inspirada por quietude e silêncio, vento e luz do sol, e a sutileza de uma sombra. Pedras, conchas, colméias, ninhos e casca de árvore são algumas coisas que dão forma às texturas superficiais das minhas peças.

Como você usa suas peças em sua própria casa?

– Os jarros estão cobrindo o balcão da minha cozinha! Eu os uso para todos os tipos de produtos secos, de sal a açúcar e sementes secas.

TRADUÇÃO & EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges 

REPORTAGEM – Kelly Lack

IMAGEM – Nicole LaMotte

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