As cerâmicas de Beth Katz
Não há nada mais inspirador do que as pessoas que se reinventam, por isso, quando ouvimos falar de Beth Katz, sabíamos que precisávamos conhecê-la. Essa alma criativa, que também foi uma maquiadora de celebridades e diretora criativa de revistas em uma vida passada, tem feito lindas peças de cerâmica há anos, e recentemente transformou seu hobby em um empreendimento de tempo integral através de sua marca Mt. Washington Pottery. “Eu amo barro e sou infinitamente fascinada pelas suas qualidades inatas de suavidade e força”, diz ela. “Quando você abre o forno depois de tê-lo feito trabalhar, você sempre fica surpreso”, confessa a ceramista. “É como receber um monte de presentes!” Paramos em seu estúdio no bairro de Frogtown, em Los Angeles, para conversar, vê-la em ação e babar em sua última coleção.
O que inspirou você a começar o Mt. Washington?
– Fui maquiadora de TV e filmes, diretora de criação de uma revista e voltei para a pós-graduação. Ao longo de todo esse tempo, fiz cerâmica aqui e ali. Como um presente para a formatura da escola, decidi dedicar um mês ou dois à cerâmica, uma vez que sempre amei, mas nunca dei uma chance para esse talento, que acabou se transformando em uma atividade completa e consegui montar um estúdio de verdade.
De onde é que vem o nome Mt. Washington?
– Realmente moro no Monte Washington. Quando comecei a fazer cerâmica, dei esse nome a minha marca porque fiz no meu quintal e a associação com o local se tornou uma referência.
Falando em nomes, seu estúdio está em um bairro de Los Angeles chamado Frogtown – alguma ideia de por que é chamado assim?
– Penso que por sua localização, ele fica bem nas encostas do rio Los Angeles, que costumava ser muito vibrante com muita vida natural, incluindo toneladas de sapos, e foi assim que ele ganhou o nome. Recentemente, houve um grande impulso para reviver o rio e os sapos estão voltando – você pode ouvi-los no início da manhã e a noite.
Como é um dia típico em sua vida?
– Vou ao estúdio no mínimo cinco dias por semana. Sou uma pessoa matinal, gosto de levantar cedo e entre 7h e 7h30 já estou no estúdio. Amo essa atmosfera matutina quando tudo ainda está muito quieto. É quando começo a imaginar a maioria dos meus potes. Depois volto para casa para almoçar e passear com os cachorros. Normalmente guardo as tardes para trabalhos menos criativos, como organizar papeladas e responder e-mails.
Quais são seus materiais favoritos para trabalhar?
– Porcelana e grés. Trabalho com um tipo particular que é um cone de fogo alto 10 e uso um forno a gás.
Quando você lança uma fornada, qual a temperatura ideal do forno?
– Cada peça é aquecida duas vezes. Primeiro uma queima de bisque com uma temperatura baixa e lenta, onde o forno chega a cerca de 1800 graus. E a segunda fornada o calor deve aumentar para algo em torno de 2300-2400 graus.
A cerâmica é um trabalho especialmente manual. Como você chegou a conclusão que amava cerâmica, foi pelo fato de poder trabalhar com as mãos?
– Desde sempre gostei de trabalhos manuais, nasci dessa forma! Não há dúvida de que quando não estou fazendo cerâmica, não me sinto na minha pele. Amo o barro barro e sou fascinada com suas qualidades inatas de suavidade e força. Eu me esforço para permitir que a natureza do barro seja visível em meu trabalho para que as pessoas sintam o mesmo deleite que eu encontro ao moldar esse material.
Você acha que trabalhar com argila é meditativo?
– Com certeza. Eu preciso me concentrar na argila, essa é a primeira coisa que você faz quando está no torno e prestes a começar a esculpir uma peça. Se sua mente está em outro lugar, não é a atividade mais fácil de se desenvolver. Você tem que centrar seu barro e se concentrar no que está fazendo.
O que passa pela sua cabeça quando você termina uma fornada e olha para uma peça completa?
– O que eu vou fazer da próxima vez? Minha primeira crítica é sempre técnica: “Como faço para tornar este canto mais quente?” Mas também sou capaz de voltar atrás e começar a pensar mais emocionalmente: “Olhe para todos esses presentes!”
Seu espaço é tão agradável e organizado, é sempre assim?
– Eu o limpo todas as noites antes de sair. É quase ritualístico para mim. Estive no Japão várias vezes, tenho um amigo que é um mestre oleiro lá, e essa é uma filosofia japonesa. Não se trata apenas de respeitar o seu espaço, limpar é uma forma de respeito.
O que inspira você diariamente?
– A beleza natural da paisagem do sul da Califórnia, particularmente os bairros de Topanga Canyon e Laurel Canyon, onde passei meus anos de formação, e que me influenciaram no meu trabalho. Também sou inspirada por quietude e silêncio, vento e luz do sol, e a sutileza de uma sombra. Pedras, conchas, colméias, ninhos e casca de árvore são algumas coisas que dão forma às texturas superficiais das minhas peças.
Como você usa suas peças em sua própria casa?
– Os jarros estão cobrindo o balcão da minha cozinha! Eu os uso para todos os tipos de produtos secos, de sal a açúcar e sementes secas.
TRADUÇÃO & EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
REPORTAGEM – Kelly Lack
IMAGEM – Nicole LaMotte
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