Parisiando com design
Em 2016 Eva Jorgensen decidiu se dedicar inteiramente ao seu próprio livro, “Paris by Design, um guia inspirado no lado criativo da cidade”, lançado pela editora Abrams, com fabulosas fotos de Chaunté Vaughn. Para elaborar essa publicação, que levou três anos para ser concluída, a autora se perdeu literalmente pelas ruas de Paris fazendo pesquisa de campo, testando sugestões e descobrindo o lado criativo da cidade sob a ótica do design. “Esse projeto parecia impossível de muitas maneiras mas sabia interiormente que tudo daria certo. Convenci muitas outras pessoas a se envolverem nesse livro, porque acreditava muito nisso e sabia que valeria a pena”, conta enstusiasmada. “Fizemos acontecer e criamos este recurso incrível para os amantes francófilos de design e, sobretudo, de Paris.”
Multifacetada, Eva é uma mulher corajosa, desterminada e curiosa que leva à cabo todas as suas ideias e não se deixa abalar pelas dificuldades do caminho. Ela foi produtora criativa de um livro de design de interiores, participou de vários projetos colaborativos em vários trabalhos freelance, tudo isso, desenvolvendo em paralelo seu negócio de papelaria Sycamore Street Press. “Nossa reputação começou a crescer apenas por meio do boca a boca e, depois de cerca de 10 anos trabalhando com papelaria, decidimos que era tempo de investir em outros projetos. Fizemos alguns curtas-metragens com alguns colegas, incluindo “Farmor”, que fica na costa sueca.” Correspondance Magazine® conversou com a autora, que contou algumas das aventuras inusitadas ao longo do processo de compilação dessas descobertas parisienses que deram vida a essa bela publicação, “Paris by Design, um guia inspirado no lado criativo da cidade”, fruto de um sonho antigo.
Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre o lado criativo de Paris?
– Minha mãe é uma artista e meu pai é um empreendedor e herdei um pouco da bagagem cultural deles. Estudei gravura na escola de Belas Artes e quando terminei meus estudos pensei que me tornaria uma professora de arte mas, minha data de formatura coincidiu com um dos colapsos econômicos, então, decidi abrir um negócio de papel timbrado e chamá-lo de “Sycamore Street Press”, uma marca bem conhecida dentro da indústria de papelaria, que vende e distribui seus produtos em centenas de lojas nos Estados Unidos e em todo o mundo. Foi uma ótima ideia ter criado nosso próprio negócio, porque pude usar minhas habilidades de gravura e ter a flexibilidade de trabalhar para mimata. Além disso, meu marido, Kirk, e eu tínhamos sonhado em trabalhar juntos e esse projeto tornou nosso sonho possível.
De onde vem esse fascínio pela cultura francofônica?
– Venho de uma família de francófilos e sinto que sempre e ainda estou em preparação durante a minha vida. Minha mãe morou em Paris por alguns anos e minhas histórias favoritas antes de dormir eram sobre o tempo em que ela viveu lá. Quando tinha vinte e poucos anos, fiz um curso no exterior, um estágio em Paris, e aprendi francês no processo. Agora viajo para a Cidade Luz, e pela França, sempre que posso, além disso leio, assisto e escuto praticamente tudo que posso sobre o assunto. Sou um pouco obcecada, na verdade.
Quanto tempo você demorou para planejar seu livro “Paris by Design: um guia inspirado no lado criativo da cidade”?
– A ideia surgiu na primavera de 2016 e, se passaram três anos, até o lançamento que aconteceu nesta primavera de 2019. Embora pense que o livro nunca esteja realmente terminado porque o marketing online é uma grande parte do trabalho dos autores nos dias de hoje.
Quais são os passos para preparar um livro sobre Paris? Conte-nos um pouco sobre a pesquisa que você fez para essa publicação.
– Quando tive a ideia do livro “Paris by design”, fiz cerca de seis meses de pesquisa remotamente antes de ir fazer pesquisas, entrevistas e fotos in loco. Kirk, nossos filhos e minha amiga Chaunté Vaughn vieram comigo. Ficamos em Paris por cinco semanas e Chaunté, a fotógrafa do livro, e eu saíamos todos os dias, visitando casas, estúdios e lojas em Paris. Vasculhávamos as ruas parisienses à procura de lugares legais para incluir, ou verificar as sugestões que os locais tinham recomendado para mim ou ainda os lugares que havia encontrado na minha pesquisa online. Foi um trabalho duro, ininterrupto mas foi muito divertido. Investi centenas e centenas de horas nesse processo…
Qual é a parte mais gratificante de tudo isso para você?
– Ninguém tinha me perguntado isso ainda! É uma questão difícil, porque há tantas partes recompensadoras. Adorei ter passado aquelas cinco semanas em Paris e todas as memórias incríveis que tenho desse período. Além disso, adoro segurar o livro finalizado em minhas mãos e ter uma manifestação física tão bonita de todo aquele trabalho intenso e criativo. Amei colaborar com tantas pessoas talentosas, me apoiando nos pontos fortes de todos esses colaboradores e me superando para fazer algo muito melhor. Mas, agora que penso nisso, a coisa mais gratificante é ver o quão orgulhosa minha filha de oito anos é de mim e como é fortalecedor para mim acreditar que ela pode ser uma autora um dia também. Ela já está trabalhando em seu primeiro romance.
Qual é o seu fato favorito sobre as histórias em torno da obra “Paris by Design: um guia inspirado no lado criativo da cidade” e por quê?
– Um pouco de diversão nos bastidores aconteceu durante as filmagens de moda que deveríamos fazer na Maison la Roche, de Le Corbusier, que, quase não aconteceram mesmo, apenas no último minuto tivemos a autorização devida. Segui o protocolo e solicitei, por e-mail, antecipadamente à equipe do museu se poderíamos ir até lá e eles aceitaram, disseram que organizariam dia e hora. Mas o dia em que aparecemos para filmar, eles mudaram de ideia! E não queriam nos deixariam entrar para filmar! E não era só eu e Chaunté – tínhamos três estilistas e dois modelos também, todos em pé na porta com mudanças de guarda-roupas, secadores de cabelo, equipamentos de câmera e tudo mais. A equipe olhava para mim com olhos arregalados e contavam comigo para que esse projeto de filmagem acontecesse. Então não me deixei abalar e implorei ao diretor do museu, explicando em meu melhor francês como íriamos promover o museu no livro. Estava ao mesmo tempo com uma carga de estresse e energia nervosa, mas, nunca duvidei que eles iriam céder e nos deixar fazer as filmagens. No meu íntimo, sabia que iria dar certo, mesmo quando eles estavam praticamente dizendo não na minha cara. E deu certo! Meu muito obrigada à Maison la Roche. Sinto que esse foi o maior evento durante a construção deste livro como um todo.
O que você mais gosta em Paris?
– Amo como a cidade é uma combinação tão incrível do antigo e do novo. O medieval combinado com o estilo Haussmann e a Belle Epoque, misturada com o moderno e o contemporâneo. Em um momento você está andando por um beco de paralelepípedos com fachadas de videiras penduradas para, em seguida, entrar em uma boutique de roupas super minimalistas. Amo a nova energia criativa misturada com a magia das eras passadas.
EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
IMAGEM – Chaunté Vaughn
Você precisa fazer login para comentar.