“Anacapri Landscape Festival”
A sétima edição do Anacapri Landscape Festival, que acontece de 10 de setembro a 5 de novembro de 2023, idealizada e com curadoria de Arianna Rosica e Gianluca Riccio, tem como tema neste ano “Construindo novas identidades”.
O evento, dedicado ao artista ucraniano Ilya Kabakov, falecido em maio. tem como foco revigorar os espaços evocativos da Axel Munthe/Villa San Michele Foundation e vários logradouros públicos do centro histórico de Anacapri, em Capri, na Itália.
Esse tema “Construindo novas identidades” questiona exatamente esse conceito fora dos padrões e, ao mesmo tempo, redefine os códigos culturais da ilha para além dos estereótipos e da sua pátina glamorosa”, atesta a curadora Arianna Rosica.
“Criar a possibilidade de experimentar modelos existenciais alternativos em contrapartida aos dominantes e realizar projetos comunitários inspirados em lógicas participativas, na sequência do contato direto com a paisagem natural faz parte do objetivo desse evento.”
“Numa fase histórica como a atual, em que o sentido do ser humano é questionado, estamos refletindo sobre possíveis estratégias de resistência. Decidimos, portanto, retomar o fio de uma história interrompida e convidar uma série de artistas de diferentes gerações e de diferentes realidades, para dar vida a novos modelos culturais, estéticos e sociais”, explica o curador Gianluca Riccio.
Humberto e Fernando Campana, Paolo Canevari, Goldschmied & Chiari, Ibrahim Mahama, Matteo Nasini, Elisa Sighicelli, Alberto Tadiello, são os artistas convocados para criar instalações site-specific, projetos especiais e intervenções de arte pública, interpretando, através de linguagens e formas diversificadas de expressão que encontrou um de seus epicentros de reflexões em Capri e, precisamente, na Villa San Michele.O evento homenageia o artista ucraniano com um projeto especial de sua esposa Emilia Kabakov, que junto com Ilya, esteve entre os protagonistas da mostra em 2022.
O ponto de partida é o animado clima artístico que reinou em Capri entre os séculos 19 e 20, materializado na grande villa que abriga o Festival, construída pelo médico sueco – Munthe – em 1895.
Nesse período, a ilha se tornou a plataforma de pouso para personagens ilustres da cultura internacional: o lugar onde cada uma dessas figuras multifacetadas – do disfarce selvagem da Marquesa Casati Stampa à máscara decadente de Jacques Fersen, e os ares ambíguos e frívolos de Compton Mackenzie, para citar apenas alguns.
Esses artistas cultivavam a esperança de uma nova liberdade, que não se submetia às convenções do comportamento social burguês, graças à insularidade da ilha que, de geográfica, se transformou em modelo existencial.
“Na história cultural de Capri traçamos um conjunto de experiências estéticas e biografias artísticas que, na virada dos séculos XIX e XX, reconheceram na Ilha o potencial de uma utopia viável e algo replicável,” explicam os curadores.
A partir dessa tradição, que identifica a Ilha de Capri como território privilegiado para a experimentação de novos códigos sociais e a reconhece como o lugar ideal para definir outras identidades e novas relações com a paisagem, são elaboradas as diretrizes dessa edição de 2023.
EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
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