Cara a cara com Giacometti

16 de dezembro de 2020

“Durante anos fiz apenas esculturas que se ofereceram completamente à minha mente. Apenas as reproduzi no espaço sem mudar nada, sem me perguntar o que elas poderiam significar. […] Jamais nada me apareceu em forma de pintura e raramente vejo em forma de desenho. As tentativas que, às vezes, fiz de criar conscientemente uma mesa ou mesmo uma escultura, sempre falharam. […] Uma vez que o objeto foi construído, tendo a encontrar imagens transformadas e deslocadas, impressões, fatos que me comoveram profundamente (muitas vezes sem eu saber), formas que sinto que estão muito próximas, embora muitas vezes não seja capaz de identificá-los, o que os torna sempre mais perturbadores para mim…”(Minotauro, 1933).

A editora alemã Hirmer evoca o talento de Alberto Giacometti na publicação “Face to Face” revelando a incessantemente busca do artista por uma nova linguagem da escultura como “duplo da realidade”.  Suas obras refletem seu estado de espírito onde ansiedade, sonhos, incerteza, violência caractizam suas esculturas. Apresentando cerca de 100 esculturas e pinturas, “Face to Face” acompanha a evolução do trabalho de Giacometti do Pós-cubismo ao Surrealismo até o Realismo do pós-guerra.

Ao longo de sua vida, Alberto Giacometti (1901–1966) conversou com alguns dos intelectuais mais influentes do século XX. Ao destacar três escritores – Georges Bataille, Jean Genet e Samuel Beckett, com quem o artista manteve amizades duradouras – a publicação examina como esses diálogos podem ser traçados na obra de Giacometti. O livro ricamente ilustrado fornece uma visão geral que se estende de seus primeiros trabalhos aos seus posteriores e tem ensaios recentemente encomendados, além de apresentar importantes textos históricos dos três autores e do próprio artista.

 

Decidido a deixar a Suíça, Alberto Giacometti chega a Paris em janeiro de 1922 e hospeda-se no ateliê de Archipenko e freqüenta o ateliê de Antoine Bourdelle com quem trabalha até 1927, na Académie de la Grande Chaumière, em Montparnasse. Ele mora sozinho e visita o Louvre e, curioso sobre formas, se encanta com o cubismo, a arte africana, a estatuária grega e foi inspirado por elas em seus primeiros trabalhos. Suas esculturas são em gesso, às vezes pintadas ou fundidas em bronze, técnica que praticará até o fim da vida.

Depois de realizar esculturas consideradas relacionadas com o Cubismo, Giacometti realiza esculturas “planas” (Mulher, 1929) e “abertas” (Homme et Femme, 1929), duas das quais expostas na galeria Jeanne Bucher, marcando assim o início de seu trabalho e sua notoriedade como escultor. Giacometti aborda os surrealistas e expõe, a partir de 1930, ao lado de Joan Miró e Jean Arp, na galeria Pierre com a qual assinou contrato em 1929. Ele conhece Tristan Tzara, René Crevel, Louis Aragon, André Breton, Salvador Dalí, André Masson e se juntou oficialmente ao grupo surrealista parisiense em 1931.

Ele criou gravuras e desenhos para ilustrar livros de René Crevel, Tristan Tzara e André Breton, participou da redação das resenhas do grupo, em particular da resenha “Surrealismo a serviço da revolução” entre 1931 e 1933, para os números 3, 5 e 6. Com o grupo, participou de outubro a novembro de 1933 no 6º Salon des Surindépendants na companhia de Man Ray, Yves Tanguy, Salvador Dali, Max Ernst, Victor Brauner, Joan Miró, Vassily Kandinsky, Jean Arp e Meret Oppenheim.

Reportagem Especial Correspondance Magazine®

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