Galeria Diane de Polignac

14 de novembro de 2018

Especializada na arte do século XX, a Galeria Diane de Polignac explora principalmente os movimentos do pós-guerra, como o surrealismo, o expressionismo abstrato, americano e europeu, a arte cinética, a arte bruta, o “New Realism” ou ainda o movimento COBRA. Diane de Polignac, colecionadora, galerista e mecenas, tem uma longa experiência com a história da arte e soube transformar todo o conhecimento adquirido na London School of Economics (LES), em Londres, onde se formou em seu estilo de vida. Polignac conta que a influência do seu primeiro marido também foi decisiva nesse aprendizado do mercado de artes. Ela mesma o qualifica de um “apaixonado e compulsivo colecionador” com quem ela frequentou todas as casas de leilõês de arte, mercados de pulgas, feiras de arte, cristalizando assim seu talento para os negócios aliado aos seus conhecimentos artísticos. De posse dessa experiência de 10 anos como “colecionadora particular”, Diane de Polignac decidiu abrir sua própria galeria em Paris.

A especialidade da Galeria Diane de Polignac é defender artistas de todo o mundo, especialmente aqueles que escolheram a França como local de criação. Não é por acaso que a galerista conta com uma vasta lista de artistas que vai dos franco-chineses Zao Wou-Ki, Chu Teh-Chun, T’ang Haywen e Sanyu; os americanos Sam Francis, Paul Jenkins, Robert Rauschenberg, Lois Frederick e Mark Tobey; aos europeus Jean Dubuffet, Gérard Schneider, Hans Hartung, Pierre Soulages, Olivier Debré, Huguette Arthur Bertrand, Judit Reigl, Maria Helena Vieira da Silva e Bernard Buffe; aos sul-americanos Roberto Matta, Wifredo Lam e Carmelo Arden Quin, assim como os franco-russos Serge Poliakoff e Nicolas de Stael, apenas para citar alguns. Com os talentos que representa, Diane de Polignac estabelece parcerias a longo prazo, contribuindo com o sucesso permanente de seus artistas e suas obras.

Correspondance Magazine© conversou com  galerista Diane de Polignac durante a exposição “As Terras”, de Roberto Matta, em exposição até 21 de dezembro deste ano, que traça uma parte da carreira do artista através de uma série executada entre os anos 50 e 70, que reflete as viagens e origens de Roberto Matta, mas também seus compromissos ideológicos e filosóficos. O próprio artista afirmava que era possível perceber que sua história pessoal estava sempre presente em suas obras. Partindo da observação de que a pintura se afastou de sua vocação política, a ponto de se tornar um mero objeto cerimonial, Roberto Matta decide despertar consciências para iniciar uma mudança e as telas batizadas de “As Terras” constitui um exercício de abordagem ao trabalho de Matta e seu lugar na história da arte do século XX.  Sua presença em Paris em 1937 determina sua inclusão no grupo surrealista e o estreito contato artístico, além da amizade com artistas espanhóis, como Alberto Sánchez, Esteban Francés, Joan Miró e Pablo Picasso influenciam sua linguagem pictórica e os temas de suas criações. A exposição “As Terras” inclui um conjunto de trabalhos em que se percebe a consolidação de seu estilo surrealista e com o qual ele configura seu universo pessoal, situado em um nível cosmológico.

Conte-nos um pouco sobre a gênese da exposição “As Terras”, de Roberto Matta.

– O encontro com o filho de Roberto Matta – Ramuntcho Matta, foi decisivo. Assim como todos os grandes projetos da galeria, o ponto de partida é sempre um encontro: uma espécie de “sorte objetiva”, como dizia o grande mestre do surrealismo André Breton!

Quais foram os critérios para escolher essas obras de Matta?

– Os critérios são sempre simples e fundamentais: a beleza, a importância histórica, a relevância das obras e, em particular, sua representatividade artística como um todo.

Você teve um tópico em comum que a guiou na edição dessa exposição?

 – O traço comum para mim, se resume a um questionamento: por que Matta se volta para “a terra” quando retorna de seus anos em Nova York, depois do caos da Segunda Guerra Mundial? Entender e mostrar este trabalho de imensa poesia, tanto essencial quanto atípico, em sua obra, é o que me guia. Este tipo de exposição incorpora precisamente a vocação da galeria a de aguçar os olhos e repensar a história da arte, uma matéria viva em constante reescritura.

Qual é o fato favorito de ser uma galerista? 

– Meu fato favorito é poder conhecer os artistas, suas famílias e ter o privilégio de entrar na intimidade da sua criação. Através das nossas exposições e dos nossos livros, compartilhamos essa paixão com colecionadores, amadores de arte e com o público em geral.

Qual é a parte mais gratificante de todo esse trabalho para você? 

– O ser humano, entender o artista e sua personalidade para compreender sua abordagem artística é fundamental. Sou privilegiada por poder compartilhar essa paixão com o público.

Existem personalidades do mundo artístico ou de outros setores que influenciaram você ao mongo da sua carreira? Como e por quê ? 

– Os grandes marchands do começo do século, Kahnweiler, Durand Ruel e Ambroise Vollard são admiráveis ​​pela sua determinação e resiliência, além da vocação de defender seus artistas em meio ao tumulto das guerras e das crises econômicas.

O que é arte para você?

– É, acima de tudo, os “artistas”, verdadeiros sensores da sensibilidade de uma época com uma incrível capacidade de antecipar o que a sociedade ainda não compreendeu de si mesma.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges

PORTRAIT © Alexandra Diez de Rivera

IMAGEM © ADAGP, Paris, 2018 © Galerie Diane de Polignac © Christian Demare

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