“maison parisienne”

5 de janeiro de 2023

Para celebrar o talento dos artesãos franceses, Florence Guillier Bernard criou em 2008 a maison parisienne. De galeria nômade às coleções permanentes de grandes museus, como o Musée des Arts Décoratifs e Mobilier National em Paris; o Victoria & Albert Museum em Londres; o Art Institute of Chicago e o Dutch National Glass Museum em Leerdam, a “maison parisienne” coloca em evidência os “artistes de la matière”, detentores do excepcional savoir-faire francês.

Esses artistas que dominam uma técnica impecável com visão estética e inovação, expressam seu talento, através de materiais que revelam uma força única com suas nuances coloridas, suas irregularidades e sua textura sensual em madeira, tecido, metal, vidro, cerâmica, papel e até pena, esse é o DNA da “maison parisienne”.

De móveis à esculturas, de objetos decorativos aos murais, as coleções da “maison parisienne” são compostas por criações únicas, produzidas em edição limitada, além de peças feitas exclusivamente sob encomendadas. Essa raridade é a garantia de total liberdade de expressão e a busca pela atemporalidade.

Correspondance Magazine® conversou com Florence Guillier Bernard que nos falou sobre sua visão do luxo, uma combinação sutil de ousadia, alta qualidade e precisão técnica, além de sua paixão pelos artistas.

Você poderia se apresentar aos nossos leitores e contar como começou sua vida de galerista?

– Comecei minha carreira no mundo do luxo, mais especificamente em perfumes e cosméticos, mas sempre fui apaixonada por arte, artistas e seus ateliês.

Quando dei início às minhas incursões na indústria da arte em 2006, queria oferecer algo único ao mercado francês e internacional. Visto que a cena artística da época não estava realmente interessada na arte do alto artesanato, meu objetivo era colocar em destaque os artesãos e trazer um componente contemporâneo ao mundo do design francês.

Foi assim que decidi criar uma galeria nômade, longe da noção tradicional de galerias de arte contemporânea. “maison parisienne” viaja para conhecer colecionadores de arte e palcos exposições em lugares de prestígio – Londres, Bruxelas, Mônaco, Nova York.

Também realizamos nossas exposições em apartamentos parisienses e somente com hora marcada para receber nossos clientes, colecionadores, decoradores e arquitetos, em um ambiente íntimo e privilegiado. É a mesma noção de serviço e conforto proposta frequentemente em casas de luxo de outras indústrias.

Houve um momento específico que fez com que você tomasse a decisão de seguir esse caminho?

– Decidi fundar a “galerista, ” ao conhecer vários artistas, potenciais parceiros e personalidades do mundo da arte. Uma vez que conheci alguns artistas, tive obras o suficiente para expor, organizei minha primeira exposição chamada “Magie Blanche” em 2008 na suíte real do hotel Plaza Athénée, em Paris, apresentando cerca de 70 artistas.

Quanto tempo demorou para planejar e abrir sua galeria?

– Levei dois anos, entre 2006 e 2008, para estabelecer meu conceito e conhecer artistas e parceiros que apoiaram meu projeto.

Quais foram os passos para criar “maison parisienne”?

– Antes de tudo, tive que estabelecer o DNA de “maison parisienne” como marca: uma galeria nômade, recebendo colecionadores com hora marcada para compartilhar momentos privilegiados em torno das criações, apresentando as exposições em lugares diferentes e excepcionais a cada vez. Definido o conceito, fui conhecer artistas e propus colaborações. Nem sempre foi fácil, pois os artistas e parceiros tiveram que abraçar o conceito, que era muito novo para a cena artistica da época. Uma vez convencidos, artistas e parceiros, pude organizar minha primeira exposição e aproximar minha rede de colecionadores.

Onde você encontra artistas para expor?

– Sempre estive imersa no mundos das artes e descobri os artistas que represento em concursos, feiras e exposições ou através de intermediários. Por exemplo, conheci Simone Pheulpin através de conhecidos em comum. Ela já praticava sua arte há 35 anos, mas ainda era desconhecida do público.

Na sua opinião, qual é a parte mais gratificante do seu trabalho?

– O maior orgulho da minha profissão é ter meus artistas reconhecidos pelo público e pelo meio artístico. Para tomar o exemplo de Simone Pheulpin, ela já estava avançada em sua jornada criativa, mas sua arte excepcional não era conhecida do grande público. Hoje, o artista possui um livro monográfico e faz parte das coleções permanentes dos mais renomados museus do mundo, entre eles o MAD-Musée des Arts Décoratifs de Paris, o Victoria & Albert Museum de Londres e o Art Institute of Chicago.

Em contraste, Pierre Renart tinha acabado de se formar na École Boulle quando nos conhecemos e a maison parisienne permitiu que ele exibisse suas primeiras criações. Hoje, seus móveis fazem parte das coleções permanentes do Musée des Arts Décoratifs e do Mobilier National em Paris. Eu o guiei em um projeto excepcional na 22 Bishopsgate em Londres e o apoiei com exposições organizadas, mostras individuais, feiras, propostas de aquisições por museus, etc.

Acompanho de perto todos os nossos artistas, dou-lhes direção artística e apoio na construção da sua carreira, bem como zelo pelas suas relações com as instituições. Os exemplos acima demonstram que, com perseverança e confiança, meu compromisso é reconhecido, o que é muito gratificante.

Como você definiria o seu interesse pelas artes em geral?

– O meu interesse pelas artes é infinito e, acima de tudo, a relação que nutro com os artistas, que é muito humana. Existe um elemento emocional muito forte nas criações dos artistas, afinal, eles colocam sua experiência, conhecimento, técnica e principalmente sua paixão em tudo.

Qual o seu sentimento sobre a arte e os artistas e por quê?

– O que aprecio é ter tempo para trocar ideias com os artistas, entender seu processo de trabalho e as criações que eles produzem. Gosto de aconselhá-los, às vezes construir coleções com eles, trabalhar em diferentes projetos e ser o elo de ligação entre colecionadores, arquitetos, decoradores e instituições.

Como ‘marchand d’art’, o que você mais gosta no seu ‘métier’?

– Como galerista, sou o elo entre o artista e o colecionador ou cliente. Minhas interações com nossos artistas me permitem obter informações sobre seus trabalhos, que uso para descrevê-los e contar sua história aos colecionadores. Sou capaz de vender e dar sustento aos artistas compartilhando nossa paixão comum, que é, na realidade, um sonho.

Se as pessoas pudessem tirar apenas um ponto importante sobre “maison parisienne”, o que você gostaria que fosse?

– Que o público reconheça que a “Maison Parisienne” promove a excelência e os talentos únicos de artistas-criadores franceses contemporâneos, combinando cultura e tradição, conhecimento e savoir-faire.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges

IMAGEM – Aurélie Mathigot, I Shot the sheriff, 2020 © maison parisienneAurélie Mathigot, I Shot the sheriff, 2020 © maison parisienne, Gérald Vatrin, Hale Bopp, 2019 © maison parisienne, Julien Vermeulen, Black Deep Blue, 2021 © maison parisienne, Coralie Laverdet, Curiosité XII, 2019 © maison parisienne, Simone Pheulpin, Origine V, 2021 © Antoine Lippens, Pierre Renart, Fauteuil Genèse, Collection Genèse 2011 © maison parisienne, Valérie Jolly, Tectonic I, 2022 – © maison parisienne, Aurélie Mathigot, Photo Volée 18, 2020 © maison parisienne © Todos os direitos reservados

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