Nadine Ghosn

7 de março de 2017

Sem nenhuma experiência no segmento de joias, em menos de um ano, Nadine Ghosn conquistou o crème de la crème internacional com suas criações cheias de humor. Tudo começou quando a jovem designer se questionou sobre carreira, sucesso e sua vida criativa. “Tinha uma necessidade de criar que não estava sendo cumprida, quando criança sempre pensei que seria uma designer de roupas”, revela. “Quando olhei profundamente para minha alma, percebi que o lugar onde investia meu dinheiro e a única coisa pela qual estava apaixonada era joias… Criar é algo verdadeiramente intrínseco a minha vida.” Para falar sobre sua experiência como jovem designer e sua pulsão criativa, Nadine Ghosn concedeu essa entrevista exclusiva ao Correspondance Magazine® durante a Semana de Moda de Paris.

Como você conseguiu aterrissar nesse mundo das joias sem ter nenhuma experiência no segmento?
– É verdade que não tinha nenhuma experiência com a criação de joias. Na verdade, cursei Economia e Arte na Universidade de Stanford e trabalhei como consultor para “The Boston Consulting Group”, em New York, depois fiz um intercâmbio rotativo numa das lojas Hermès, em Paris, onde trabalhei como Junior Manager mas um belo dia me questionei sobre carreira, sucesso e realização. É isso que quero fazer nos próximos anos? Estou feliz fazendo o que tenho feito? Essas questões ecoaram no meu ser e percebi que este era o tempo ideal para tentar ter sorte, afinal, o que eu tinha a perder aos 25 anos? E foi assim que a história das minhas criações começou e se tornou uma viagem incrível até agora.

Sendo tão dinâmica e cheia de energia, como você consegue se concentrar para criar?
– Adoro andar de manhã, desconectada de tudo, e apenas digerir o ambiente e suas interações. A maior parte do tempo, estou sempre anotando ideias para uma nova coleção ou para encontrar materiais de apoio para ajudar a lançá-la. A parte de criar e ser criativa é mais fácil para mim, a execução é o que requer mais acompanhamento, atenção, paciência. E, sinceramente, é preciso estar aberto a novas direções e descobertas ao longo desse caminho, afinal, a criação é uma jornada e deve ser abraçada como tal.

Quais são os passos para criar uma peça ou uma nova coleção? Conte-nos um pouco sobre a pesquisa que você faz para isso.
– O essencial para criar qualquer coisa é dar-se espaço para respirar, ser inspirado, energizado a fim de que a criatividade possa fluir naturalmente. Sou estimulada e inspirada por absolutamente TUDO: pessoas, produtos, artistas, designers, cultura, viagens, quando conheço pessoas e ouço conversas interessantes e tantas outras coisas. Todos esses elementos enriquecem meu espírito e, uma vez que tenho que me concentrar para criar uma peça ou uma coleção, apenas crio.

Onde você encontra ideias para incluir em suas coleções?
– Esboço, anoto, leio e raramente faço pesquisa ou benchmark porque gosto de trabalhar em minha própria bolha e seguir meu instinto. Muitas das minhas ideias vem das interações que tenho com pessoas, objetos e culturas.

Depois de um ano trabalhando para a sua própria marca, qual é a parte mais gratificante desse processo para você?
– Amo ver meus artesãos comemorar o sucesso de minha marca e compartilhar com seus filhos essa emoção. Adoro ver os consumidores interagir com meus produtos e dando vida própria para cada criação. Fico orgulhosa pelo meu pai, que deu tanto para a família e nos ofereceu oportunidades, para mim e minhas irmãs ser quem somos, ver seu sobrenome ganhar vida própria em outro segmento. Todos estes momentos especiais são como sucessos pessoais que me deixam orgulhosa por ter seguido meu chamado.

Como você explica sua paixão por “bijoux”? Como surgiu seu interesse por este assunto específico?
– As joias sempre marcam um momento na linha do tempo em nossa sociedade, em nossa cultura e também em nossos relacionamentos. Elas evocam uma resposta emocional muito forte. Acho interessante que a maioria das mulheres usem joias e quando perguntamos para alguém “qual a sua joia predileta?” invariavelmente a resposta está associada a um significado emocional como, por exemplo, um anel herdado da avó, um presente que o pai ofereceu para o aniversário de 15 anos…

Você tem algum mentor ou pessoa que admira muito? Conte-nos um pouco.
– Acho que Karl Lagerfeld é um designer impressionante, assim como foi Coco Chanel. Seu talento parece inesgotável e ele continua a evoluir, inovar e introduzir novos conceitos em várias marcas, durante várias estações ao longo de décadas, isso é realmente admirável.

Em que tipo de projetos você está trabalhando atualmente?
– Tenho muitos projetos para o futuro. Acabei de lançar minha segunda coleção “On a roll” que estou apresentando na loja Colette, em Paris, num pequeno evento durante a Paris Fashion Week. Essa oportunidade é realmente um sonho para um jovem designer e estou radiante por tê-la.

Depois de ter trabalhado em diversas áreas, o que você mais aprecia no fato de ser designer?
– Adoro meu trabalho. Acordo todos os dias me sentindo uma pessoa de extrema sorte pelas oportunidades que me foram oferecidas e pela acolhida que minha coleção inaugural recebeu. Esse universo da criação e o fato de me deparar com pessoas criativas me inspira. Nesse trabalho tenho a possibilidade de cruzar tantas pessoas diferentes e interessantes, seguindo suas visões e sonhos em diferentes áreas da vida e isso é realmente muito enriquecedor.

Comemorados um ano do lançamento de sua marca, qual a sua percepção desse métier?

– Atualmente observo muitas outras marcas, principalmente as marcas jovens e seus designers, que lutam para fazer um nome para si mesmos num mundo altamente competitivo. Sinto-me conectada com essas lutas, os altos, os baixos, a vulnerabilidade e a incerteza dos novos criadores. É preciso muita resistência e muita confiança para sobreviver como jovem designer.

Existe algum sonho que você gostaria de realizar como designer de joias?

– Adoraria trabalhar em colaboração com pessoas, lojas e artistas que respeito. Também sonho em estabelecer uma parceria com uma marca de relógios para criar um modelo em edição limitada.

Se estilo fosse uma sentença, seria…
– Quando as pessoas me perguntam que tipo de estilo gosto, sempre respondo dizendo que o tipo de estilo que admiro é aquele que é abraçado com confiança. Estilo vem de dentro e se materializa exteriormente. Tem estilo quem vive em sintonia consigo mesmo.

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