“The Audo”
Os dinamarqueses são oficialmente algumas das pessoas mais felizes do planeta. Talvez seja porque eles fazem questão de priorizar os prazeres simples da vida – a vida ao ar livre, comida saudável, interação humana significativa, cultura e design que alimenta a alma. Nesse contexto, The Audo faz todo o sentido: é o mais novo hotel boutique da capital dinamarquesa, mas é muito mais do que isso, abrangendo um café e restaurante, espaço para eventos, loja de varejo cuidadosamente selecionada, biblioteca de materiais e um escritório para a equipe por trás do conceito. A ideia de Bjarne Hansen, fundador da marca de móveis dinamarquesa Menu, e Jonas Bjerre-Poulsen, cofundador da Norm Architects de Copenhagen, The Audo permaneceu na planta até que o local atual possibilitou sua realização. Situado no bairro de Nordhavn, o antigo porto industrial da cidade, o edifício neo-barroco renovado remonta à 1918 e é um dos edifícios mais antigos da área.
The Audo é derivado de uma abreviatura da frase latina ab uno disce omnes, que significa “de um, aprenda tudo”, e reflete o desejo dos fundadores de cultivar um senso de comunidade e colaboração. Tudo soa muito romântico, admite o diretor de design Joachim Kornbek, da Menu e tem sido essa a filosofia que nortea todos os planos da renovação desse espaço híbrido desde o início. A decisão de colaborar com a Norm Architects no projeto foi fácil; as duas empresas são almas gêmeas desde o início.
O que estava por trás da fachada histórica era um conceito atualizado e surpreendentemente modernista, explica Peter Eland, arquiteto e sócio da Norm Architects, acrescentando que a fusão de diferentes elementos dentro do edifício estava alinhado e de acordo com o conceito geral. O revestimento exterior beneficiou de um face lift, uma nova camada de reboco e, na medida do possível, as aberturas foram alargadas com novas caixilharias de aspecto industrial em homenagem à história do bairro.
No interior, os volumosos espaços ao nível do solo ainda parecem calorosos e acolhedores graças ao design minimalista e sensível do Norm Architects, um termo que o estúdio cunhou para explicar a sua abordagem. Embora a sensação tátil esteja no centro desta filosofia, ela é atraente em muitos níveis. Uma paleta de materiais naturais e táteis – carvalho, pedra, linho e couro super-abundam – convidando os visitantes a tocar e acariciar todas as superfícies, mas outros sentidos não são menos negligenciados. A transição através dos espaços interligados, tetos mais baixos e uma mudança de materiais sinalizam a entrada para recantos mais privados, onde a paleta de cores é expandida – e varia em cada quarto – e se tornam o que Eland descreve como “uma atmosfera mais aconchegante, mais intimista e mais doméstica…”
Em um hotel boutique, a sensação de acolhida permite que os hóspedes se sintam confortáveis, tornando o hotel em sua própria casa, ainda que por pouco tempo. É essa sensação de fazer parte da comunidade local que o transporta do seu dia a dia e não pode ser replicado viajando em uma poltrona. Talvez não faria mal para todos nós tentarmos fazer como os dinamarqueses fazem de vez em quando, frequentando os hotéis do seu próprio bairro.
Reportagem Especial Correspondance Magazine®
EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
IMAGEM – Cortesia do Hotel “The Audo” © Todos os direitos reservados
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