“The Spaceless Gallery”
Operando em um circuito de locais efêmeros, The Spaceless Gallery rejeita a rigidez do tradicional das galerias convencionais em formato “cubo branco” e, em vez disso, opta por uma abordagem inovadora que estabelece um diálogo entre o local da exposição e as obras dos artistas. A sua fundadora, Béatrice Masi, esforça-se para ultrapassar os limites da sua profissão, apropriando-se do seu talento para, simultaneamente, assumir um perfil de curadora, conselheira e galerista. É animada por esse mesmo espírito de inovação e diversidade que “The Spaceless Gallery” reúne uma constelação eclética de colecionadores, colaboradores e artistas, cada um com seu próprio universo e compartilhando a ambição de oferecer exposições cada vez mais imersivas. Correspondance Magazine® conversou com Béatrice Masi e essa jovem galerista, agente de artistas e agitadora cultural partilhou seu projeto de crescimento, suas ambições e convicções artísticas. Segundo Masi, “The Spaceless Gallery” visa oferecer um espaço itinerante e flexivel para as implementar as criações de seus artistas – Lara Porzak, Pandora Mond, Jayde Cardinalli, Félicie d’Estienne d’Orves, Noémie Lacroix – e ao público em geral, ambientes de reflexão para uma imersão em lugares inéditos, de preferência não convencionais, assim como a mais recente exposição, que aconteceu em outubro e foi apresentada nos espaços do florista parisiense Stéphane Chapelle. Se a arte deve estar aonde o público possa acessá-la e viver uma experiência singular, “The Spaceless Gallery” é o conceito dessa mobilidade tão almejada nos tempos de globalização, que corresponde perfeitamente à imagem do mercado de arte atual.
Como você teve a ideia de criar “The Spaceless Gallery”? Conte-nos um pouco sobre esse projeto artístico.
– Um amigo artista estava procurando um agente. Galerias diferentes já o representavam, mas ele precisava de uma estrutura mais móvel capaz de desempenhar papéis tanto de galeria como de agente. A ideia era combinar os serviços de uma agência e uma galeria. A estrutura atual de “The Spaceless Gallery” tem dois objetivos principais: exibir e promover artistas para colecionadores – um papel padrão de galerista – e, paralelamente, vender projetos para empresas que valorizam artesanato, arte e know-how – aqui entra a função de agente.
Como você descreveria “The Spaceless Gallery” e seus artistas?
– “The Spaceless Gallery” é sem fronteiras, sem limites e sem regras predefinidas. Evolui com o tempo, com seus artistas, colaboradores e sua fiel rede de colecionadores. Os artistas que representamos não se encaixam em nenhum movimento específico. Eles coexistem pelo caráter poético e estético do seu trabalho.
Onde e que tipo de pesquisa você faz para encontrar artistas que serão representados pela “The Spaceless Gallery”?
– Artistas talentosos nem sempre são fáceis de acessar. Devemos identificá-los e depois pensar na pessoa que poderia nos apresentar à eles. O melhor intermediário para abordá-los é geralmente o colecionador. O Instagram também é um ótimo meio para encontrar novos artistas, além de feiras e exposições. O que me motiva a apresentar o trabalho de um artista é o seu universo, a originalidade da sua visão e a qualidade do seu know-how.
Como nasceu essa paixão pela arte contemporânea?
– Trabalhar ao lado de artistas é uma responsabilidade real. O artista entrega-se de corpo e alma à sua criação artística e a galeria trabalha para que ele possa viver de sua arte. Esse relacionamento forte e singular é uma bela vocação que me motiva diariamente. Na arte contemporânea “tudo deve ser feito” e, de certa forma, cada ator desse mercado contribui para a história da arte de amanhã.
Quais artistas lhe interessam e inspiram?
– Pierre Soulages, Liu Bolin, Mark Rothko, Olafur Eliasson, Rachel Howard… A lista continua!
Qual a sua opinião sobre o mercado de arte atual? O que você acha que mudará nos últimos cinco anos?
– O mercado de arte está indo muito bem. Em cinco anos acredito que ele continuará a se globalizar, assim como “The Spaceless Gallery”! Não há dúvida de que estamos atualmente em um período de turbulência e agitação política, econômica e cultural mas as oportunidades podem ser encontradas em todos os lugares.
Na sua opinião, qual o papel dos artistas na sociedade contemporânea?
– O papel deles é duplo. Eles podem ser um vetor de beleza, mas também um vetor de alerta sobre fatos ambientais e sociais.
Você tem algum conselho para artistas emergentes que desejam apresentar seus trabalhos em um conceito como esse da “The Spaceless Gallery”?
– Meu conselho é, seja perseverante, pratique por si mesmo e alimente suas inspirações com o trabalho dos maiores mestres para quebrar os códigos e, certamente, o sucesso virá a seguir.
O que você acha do ‘boom’ das feiras de arte que se multiplicaram nos últimos anos? Como eles estão mudando o mercado?
– Elas oferecem grandes oportunidades, mas são também uma ameaça para as galerias jovens, para as quais a participação em uma feira representa um investimento significativo. As feiras acentuam o efeito da sazonalidade e da concentração das transações.
Você é uma visitante frequentes de feiras de arte? Quais as suas favoritas?
– Tento, na melhor das hipóteses, seguir a agenda artística das feiras. É claro que grandes feiras como Art Basel, Frieze e Fiac são inevitáveis, mas também estou interessada em feiras parisienses mais jovens, como Galeristas e AKKA. Também vou todos os anos à Suíça para Volta e List em paralelo com à Art Basel, que apresenta uma seleção de jovens artistas sempre muito interessantes.
Em que novos projetos você está trabalhando atualmente?
– Tenho vários projetos em andamento. Nossa próxima exposição acontecerá em dezembro de 2019 na Villa d’Eaux, ex-banhos termais convertidos em hotel. Noémie Lacroix, um dos artistas que representamos, criou especialmente para esta exposição pinturas em seda em harmonia com o local. Imaginamos para esta exposição uma experiência imersiva em torno do tema do movimento, da água e das marés … Exposição – Noémie Lacroix, Villa D’Eaux. A partir de 15 de dezembro na cidade de Villers-sur-Mer, na Normandia.
Quais novos artistas, na sua opinião, merecem ser seguidos?
– Todos os nossos artistas (risos)!
IMAGEM – Portrait de Béatrice Masi, por Natalia Poniatowska, cortesia The Spaceless Gallery © Todos os direitos reservados
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