Modelo de arquitetura
Pélissanne é uma pequena comunidade no sul da França com cerca de 10.000 habitantes. O vilarejo se distingue pelo seu denso centro histórico, onde estreitas ruas de paralelepípedos são ladeadas por edifícios de pedra com telhas de terracota e venezianas de madeira, algumas delas datando dos séculos XVI e XVII. Caminhar por esse pitoresco vilarejo é como passear por um cartão postal.
Muitas das moradias históricas e seus jardins são bem preservados e cuidados. Outros foram negligenciados, como foi o caso da Vila Maureau, construída no século XVII. Como seu antigo proprietário não conseguiu recursos para as reformas necessárias, a casa e seu belo jardim de 43.000 m² foram adquiridos pelo município. Felizmente, a decisão de renová-la foi tomada, transformando a residência em uma biblioteca multimídia, transformando a casa e seu terreno à disposição do público. Mas os cômodos da casa histórica, que ocupa uma localização privilegiada no centro da cidade, não eram suficientes para esse uso, sendo necessária uma ampliação do edifício para dentro do parque.
Em 2015, Pélissanne realizou um concurso de arquitetura, que foi vencido por Dominique Coulon, arquiteto francês radicado em Estrasburgo cujo projeto visava preservar o máximo possível do parque histórico. Enquanto a maioria dos outros participantes da competição posicionou a extensão em frente ao prédio existente, Coulon a moveu para o lado leste. Isso tornava a transição da casa antiga para a nova extensão um pouco mais difícil, porém preservava quase toda a visão da fachada histórica e, por conseguinte, a conexão entre a casa antiga e o parque.
Ao mesmo tempo, a extensão cria uma nova praça pública animada que se conecta à praça principal da cidade em frente à igreja e à prefeitura. O gesto de deslocar o prolongamento para o lado preservou também um plátano centenário, em torno do qual o novo edifício forma uma curva suave e expressiva.
No interior, a renovação mantém muito do layout original da Villa Maureau com seu enfileiramento de quartos menores. As únicas mudanças significativas são no piso térreo, onde os arquitetos criaram um amplo espaço para eventos e um lobby de dois andares. Em total contraste com a casa antiga, a extensão apresenta amplos espaços abertos em ambos os andares.
As grandes janelas panorâmicas dão a cada andar uma orientação clara: enquanto o andar térreo se abre amplamente para o Parque Maureau ao sul, permitindo que os leitores mergulhem na paisagem, o primeiro andar é mais fechado e íntimo, olhando pela janela curva para o oeste como se colocassem os leitores nos galhos de um plátano bem em frente à janela gigante. O verde do jardim também é ecoado no verde profundo que aparece nas venezianas das janelas, no dossel das portas, nas escadas, nos móveis e ao longo da ampla janela curva que envolve o plátano.
No decorrer dessa transformação, a cidade também decidiu abrir o Parque Maureau para os dois lados, transformando-o em uma nova passagem pública, um atalho não motorizado muito atraente pelo denso tecido histórico de Pélissanne. Esse modelo de arquitetura é um exemplo esplêndido de como uma propriedade privada pode se tornar muito mais valiosa quando é acessível a todos.
Reportagem Especial Correspondance Magazine®
IMAGEM – Cortesia do fotógrafo Eugène Pons © Todos os direitos reservados
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