Emilie Bonaventure

30 de junho de 2017

Foi com a mãe que Emilie Bonaventure aprendeu, ainda criança, a distinguir formas e materiais. Apesar da pouca idade a paixão pela arte e pelo design ficou inculcada na cabeça dessa nativa da Provence. Durante seus estudos de história da arte na École du Louvre e na Universidade, Bonaventure assimilou o que era essencial para desenvolver com maestria seu talento artístico, que foi aperfeiçoado quando trabalhou na galeria de Antoine Broccardo, em Paris. “Ele me apresentou ao mundo das antiguidades e das peças de design do século XX”, conta. “Além de ter me ensinado a importância do diálogo entre os objetos e destes com o ambiente.”

Construindo um percurso tão eclético quanto sistemático, Emilie Bonaventure trabalhou com o arquiteto de interiores libanês Chahan Minassian, dentro de sua agência, “uma experiência que me ajudou a estabelecer minha autoconfiança para explorar minha paixão pelo design contemporâneo, pelos objetos europeus e pelo mobiliário americano, além de aprender bastante sobre Arts & Crafts”, enumera Emilie Bonaventure. Essa multifacetada designer de interiores, irrequieta, irreverente e cheia de energia, que desenvolve projetos tão diversificados quanto criativos em sua agência Be-Attitude conversou com Correspondance Magazine® para falar sobre seus mais recentes projetos, a renovação dos espaços Rose Bakery, café e mercearia, e o novo restaurante “Belle Maison” do Chef Franck Baranger, ambos situados no arrondissement de Paris.

Seus projetos misturam moda, arte, design, gastronomia, o que efetivamente inspira você no mundo da criação?

–  A luminosidade do Sul da França que foi, durante a minha infância, a principal fonte do meu interesse pela pintura, pelos artistas do século XIX e o nascimento da modernidade. Além disso, é sobre estas questões que dediquei minha pesquisa durante meus estudos universitários. Mais tarde, em contato com galerias parisienses, foram os artistas decoradores que trabalham com madeira, vidro, metal e cerâmica, como Le Corbusier, Jean Royère, Piero Fornasetti ou Line Vautrin, que afiaram meu desejo de descoberta e minha curiosidade. Atualmente encontro minha inspiração na minha vida quotidiana e tenho a oportunidade de estar cercada por pessoas extraordinárias e talentosas, que depositam sua confiança no meu trabalho e me desafiam a assumir novos projetos. Isso me obriga a explorar novos caminhos, descobrir coisas novas, por isso minhas fontes de inspiração são múltiplas e evoluem em permanência.

Como você escolhe os materiais para a criação dos seus projetos?

– Minha preferência será sempre baseada no qualitativo, materiais que ofereçam um resultado visual autêntico. Além disso, ainda não fui contaminada pelo “vírus da decoração”, ou seja, não tenho um material fetiche que utilizo sistematicamente e que possa identificar imediatamente meu trabalho.

Como você definiria o seu estilo decorativo?

– Equilibrado, sob medida, transversal, poético, contemporâneo e atemporal.

Para você, o que é mais importante seguir, no seu trabalho criativo, a intuição ou as tendências?

– Sigo mais a intuição que as tendências. Tento me manter informada sobre tudo o que acontece no palco da moda, da gastronomia, da arte e do design, todavia, não me permito ser impregnada. Um projeto é, acima de tudo, um encontro entre duas sensibilidades que devem ressoar em uníssono. Há muito para ouvir, sentir, para que a transcrição da minha visão no espaço esteja perfeitamente adequada às necessidades e a história dos meus clientes.

Você tem ou teve alguns mentores na área da decoração, do design ou da arte que influenciaram você? Como e por quê?

– Antoine Broccardo, Chahan Minassian e Jacques Lacoste foram mentores inestimáveis, inspirando a generosidade de sua erudição, paixão e investimento em seus respectivos campos. O fotógrafo e artista Lucien Hervé me fez perceber, através de seu trabalho, a importância da sombra e da luz como suportes que incorporam e estruturam um espaço.

Como você se define: designer, decoradora, criativa ou tudo ao mesmo tempo?

– Arquiteta de interiores, cenógrafa, designer. Além do mais, a arte decorativa e contemporânea, a moda e a gastronomia fazem parte do DNA cultural e híbrido do meu estúdio. Portanto, também sou decoradora, designer, diretora de arte, curadora, especialista em cerâmicas francesas do século XX, tanto quanto criadora. Sem dúvida, um posicionamento transversal, muito atípico, que inclui uma escuta atenta com uma proposta orientada para projetos sob medida.

Conte-nos um pouco sobre seus novos projetos …

– Nunca falo sobre meus planos antes que eles comecem. Um projeto assinado deve permanecer em segredo, até que tenho certeza de que posso entregá-lo no tempo devido. Este é um dos compromissos que assumimos em minha agência e uma das linhas diretrizes do nosso trabalho. Posso apenas adiantar que estou muito atenta ao que está acontecendo na cena hoteleira na França e no estrangeiro.

Que outro gênero de projetos você gostaria de realizar?

– Adoraria estar no comando da decoração de interior de um hotel. Esse continua sendo um domínio de atividade mais abrangente em termos de “experiência do cliente”, uma vez que oferece hospitalidade, bem-estar, alimentação e alojamento. Essa seria uma proposta abrangente que me daria um grande campo de possibilidades para trabalhar.

Com o que você sonha?

– Agora, neste momento, com uma taça de Martini com gelo à parte…

 

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