Desenhando com BIC
Afinal, quem nunca rabiscou desenhos inventados ou o que quer que seja com uma BIC cristal? Até mesmo muitos artistas, dentre os quais, Alberto Giacometti, Fernand Léger, Alighiero Boetti, René Magritte foram inspirados por essa incrível marca de esferográficas. E é com as canetas BIC que a jovem artista Agathe Toman desenha suas telas, inspiradas em paisagens abstratas, que contam histórias de seu mundo interior. “Meu trabalho é parte de uma abordagem artística pessoal onde tudo o que sinto converge para a tela”, conta Toman, explicando as nuances de suas obras, em preto e branco, que evocam a lua. “Meu estado emocional, minha história e o que acontece na minha vida diária, são elementos dos quais me aproprio para criar as minhas obras artísticas.” Durante o salão de desenho contemporâneo DDessin a jovem artista apresentou um projeto que consiste numa série de 58 desenhos de luas diferentes, dois ciclos lunares na verdade, onde o modelo 59 corresponde à “Passagem”. Único desenho num formato diferente de todos os outros.
O fato do contorno da lua estar onipresente em todas as suas telas é, segundo Agathe, uma espécie de projeção não-figurativa dela mesma, uma identidade artística. “A lua permite que eu me coloque dentro dos meus desenhos e isso é bastante representativo para mim”, afirma. “Cada uma dessas imagens lunares expressa e libera um sentimento interior, algo que experimentei ou que estou vivendo, algo que mudou e marcou meu ser, de um jeito ou de outro”, filosofa a artista que adicionou recentemente em suas obras a folha de ouro. Esse projeto retrospectivo corresponde aos sentimentos materializados pela artista, impressos no papel há alguns anos, onde cada desenho tem um título, invariavelmente associado ao sentimento que o gerou. “Minha criação muda e se transforma ao longo dos meses e dos anos, de maneira significativa. Ela é como um reflexo da minha evolução psíquica e das minhas metamorfoses mentais.”
Assim, o imaginário e a ficção se fundem com o real na obra artística de Agathe Toman, de modo que a artista compartilha com o espectador uma parte do seu ser, dando apenas algumas pistas dos seus estados emocionais e oferendo um convite para que o visitante faça uma imersão em si mesmo. Uma viagem ao inconsciente marcada pela força dos traços, invariavelmente em preto, que se intensificam por meio das telas brancas. Tendo como ferramenta uma caneta, a artista desenha livremente as imagens que povoam seu imaginário, adaptando o seu traçado para que ele acompanhe a evolução da sua criação e se adeque a sua técnica. “Gosto de retroceder incessantemente, quando estou criando, e isso ativa novas formas de expressão”, comenta. Assim a arte abstrata e figurativa se funde com o real na obra artística de Agathe, como exemplo, o trabalho de pintura de pranchas que ela desenvolveu para o surfista Adrien Toyon.
EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges
IMAGEM © Agathe Toman
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