Didier Benderlis

21 de junho de 2017

Internacionalmente reconhecido pela sua habilidade em criar espaços originais, Didier Benderlis é um arquiteto de interiores que viaja pelo mundo para coletar experiências enquanto lapida seu talento. Depois de ter cursado arquitetura na UP8 e História da Arte Sorbonne, Benderlis embarcou para o Brasil onde trabalhou por um ano para uma empresa de arquitetura. De volta à França, trabalhou para o decorador Jacques Garcia por 12 anos. De posse dessa experiência singular, Didier Benderlis criou em 2001 Kerylos Intérieurs, em homenagem ao nome da famosa villa de mesmo nome. “Fiquei fascinado pelo nível de realização e perfeição quando visitei a Villa Kerylos, em Beaulieu-sur-Mer, no sul da França”, confessa. “Nada foi deixado ao acaso, cada detalhe tem seu lugar e tudo se aproxima da perfeição…” Com esse legado em mente, o arquiteto fundou “Kerylos Intérieurs” que cria, gerencia e restaura uma multiplicidade de projetos de interiores e residências particulares.

Correspondance Magazine® conversou com o arquiteto de interiores para entender sua maneira de trabalhar e conceber espaços, sobretudo, o projeto do apartamento de Viena, que foi projetado ao mesmo tempo que o próprio edifício e estruturado em torno de um espaço central que atua como uma fonte de luz aérea para o apartamento. Kerylos Intérieurs combinou quatro espaços separados que foram originalmente delineados pelo arquiteto, organizando o apartamento em torno de uma clarabóia com o objetivo de permitir um fluxo livre de luz e liberdade de movimento no ambiente. O apartamento na sua totalidade pode ser facilmente visto a partir do hall de entrada, que convida o visitante a caminhar através de cinco portas diferentes seguindo cada um os quatro pontos cardeais da bússola, ao mesmo tempo que permite acesso direto ao terraço.

Os espaços finais correspondem exatamente à forma como a Kerylos Intérieurs imaginava o design desde o início. Ao minimizar o número de portas e substituí-las por paredes deslizantes, o arquiteto conseguiu reforçar a ideia de fluidez. As impressionantes obras de arte distribuídas em todo o apartamento também foram um elemento integral desse projeto, assim como a simplicidade dos materiais utilizados, como piso de madeira e paredes de pedra, permitindo que o espaço se expresse sutilmente, através das obras de arte que constituem o princípio orientador deste projeto. Incansável em suas propostas de arquitetura de interiores, Didier Benderlis avança a passos largos redefinindo espaços em vários apartamentos em Paris, numa mansão do século 17 na Normandia, na renovação de um hotel, num chalé na Suíça e muitos outros canteiros de obras que ainda estão por vir…

Com projetos tão diversificados, onde você encontra suas fontes de inspiração?

– Na arte e na experiência dos lugares. Morando no Brasil desenvolvi minha atração pela luz, pelas cores e minha apreciação por materiais naturais, como madeira e pedra. Países como o Brasil e a Itália influenciaram sempre meus projetos até hoje. Também sou apaixonado por arte contemporânea e gosto de estar cercado por obras de artistas conhecidos, como Philippe Anthonioz ou os irmãos Campana, e pelos artistas em ascensão, que possuem uma energia e um impulso criativo que me inspira em permanência.

Que características você atribuíria a seus projetos?

– Sob medida, atraentes, funcionais, mas, sobretudo, íntimos, acolhedores e personalizados.

Você afirma ter uma afeição por materiais naturais, como você se apropria de suas características para incorporá-los aos seus projetos?

– Gosto de usar materiais naturais não processados. Simplicidade e elegância são muitas vezes o que emergem deles, e realmente aprecio isso. Diferentes tipos de madeira e pedra me fascinam. Em particular, o mármore de Carrara, que tenho como hábito visitar frequentemente em companhia dos nossos clientes para escolher blocos dessa pedra luxuosa. Sua seleção requer uma pesquisa extensa: cada tipo de mármore tem características múltiplas e variadas, para usos muito diferentes e todos muito específicos. A madeira, sob qualquer forma, é um material essencial no meu campo de trabalho, seja qual for o tamanho ou as várias tramas que ela possa oferecer. Quanto aos tecidos, costumo utilizar o mesmo conjunto de requisitos e isso muitas vezes me leva a escolher o linho, a seda e a lã em lugar de tecidos sintéticos.

Você é guiado pela intuição ou pelas tendências?

– Depende do momento, pela intuição, graças as minhas viagens, que são uma excelente fonte de inspiração. Pelas tendências do momento, que podem variar, das obras de arte que retratam uma visão particular do mundo aos detalhes observados durante minhas longas caminhadas. Tudo é muito variável e muda o tempo todo, assim como a diversidade dos projetos que assumimos.

Alguns personagens do mundo da decoração e do design influenciaram, de alguma forma, o seu trabalho criativo? Como e por quê?

– Sempre fui muito influenciado pelos arquitetos do início do século 20, especialmente em Viena e na Inglaterra, pela sua concepção do espaço global, que combina uma abordagem decorativa particular, e pelo trabalho dos artesãos franceses que é uma verdadeira riqueza além de ser inspirador. São essas pessoas que me fazem ser cada vez mais ambicioso no meu trabalho.

Como você gosta de se definir: decorador, designer, arquiteto de interiores, criativo ou ambos?

– Para mim, espaço e design estão intimamente ligados, um não existe sem o outro, e, naturalmente, nesse trabalho de arquitetura de interiores, cada elemento é dependente dos outros e indispensável para a harmonização do todo.

Quais projetos você ainda não realizou e gostaria de realiza-lo?

– Organizar uma exposição, onde poderia criar um circuito para que obras de arte dialoguem entre si. Esta seria minha exposição ideal!!

Com o que você sonha?

– Em ter tempo para ler e ouvir música, que são minhas outras duas fontes de inspiração.

IMAGEM – Francis Amiand

 

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