Joana Vasconcelos

23 de junho de 2018

Poliglota, articulada, feminista e insolente, Joana Vasconcelos é uma das jovens artistas mais em voga de Portugal e internacionalmente reconhecida pelo seu trabalho cheio de simbologias culturais e históricas. Sua mais recente exposição está sendo apresentada na Espanha no Museu  Guggenheim, em Bilbao, tem um título instigante “Eu sou o seu espelho” em homenagem a Nico, cantor alemão que tocou “Serei seu espelho” com a banda The Velvet Underground, de Nova York. Em cartaz até 11 de novembro deste ano, nessa retrospectiva atual Vasconcelos apresenta cerca de trinta trabalhos que datam de 1997 até os dias atuais, entre obras selecionadas, a artista apresenta peças conhecidas como “Burka” (2002) ou “A noiva” (2001-05), além de obras mais recentes e outras especialmente feitas para a ocasião, como a monumental “Egeria” (2018), instalada no átrio do museu, e duas esculturas gigantescas entronizadas ao redor do museu, o “Coq Pop” (2016) e “Solitaire” (2018).

Uma de suas peças, intitulada “A noiva”, um lustre composto de vários absorventes íntimos é sempre motivo de polêmica onde quer que seja exposto, mas a artista minimiza essa “implicância” desviando a atenção do assunto para apoiar seu discurso, falando de suas criações que colocam em evidência a cultura popular portuguesa. Apesar de ter nascido em Paris, em 1971, é em Portugal, que Joana Vasconcelos articulou sua identidade artística criado peças fabulosas que serpenteiam os espaços com suas curvas, formas e dimensões avantajadas.

A maioria de suas criações são desenvolvidas com tecidos fabricados em Portugal e que se valem de simbologias culturais, como os jogos americanos bordados numa trama extravagante e complicada, onde pedaços de sedas, cortinas, guirlandas de flores, retalhos e muitos outros artefatos compõem suas obras, em sua maioria gigantescas. Para serem exibidas, a maior parte de suas peças precisam ser suspensas no teto por sistemas através de cabos de tensão. A artista conta com maquinários adequados e a perícia de engenheiros que, juntamente com as bordadeiras e costureiras, fazem parte da sua equipe. O Museu editou um catálogo em torno dessa exposição que conta sobre o processo criativo de Joana Vasconcelos, através de imagens tendo como colaboradores Enrique Juncosa, Idalina Conde, Petra Joos e uma entrevista especial de José Luís Peixoto com a artista.

IMAGEM © Joana Vasconcelos, VEGAP, Bilbao, 2018

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