Laurent Ferrier
O mistério dos ponteiros que não param marcou esse filho e neto de relojoeiros e transformou a perspectiva de vida de Laurent Ferrier, que decidiu se dedicar à arte de tentar controlar o tempo. Tudo começou com a vontade de Laurent Ferrier, que faz parte de uma linhagem de relojoeiros, de perpetuar essa tradição familiar. Apaixonado pelo automobilismo, em 1979, quando sua equipe terminou em terceiro lugar nas 24 Horas do Le Mans e, na euforia da vitória, seu companheiro de equipe o desafiou solicitando que eles mesmos criassem seus próprios relógios de pulso. Ferrier topou o desafio e alguns anos depois, em 2009, o sonho se tornou realidade, desde então seu atelier localizado na Suíça oferece modelos exclusivos com criações elegantes inspiradas na sobriedade do passado e toques de refinamento contemporâneo. Ele conta que teve a sorte de ter em mãos muitos relógios extraordinários e decidiu, de posse dessa experiência, desenvolver sua própria sensibilidade em seu atelier.
“Em todo o processo criativo, há desenhos, planos e muitas vezes protótipos. Todas estas ferramentas são essenciais, mas, no final, a maneira como o olho percebe uma criação continua a ser o único juiz capaz à decidir se uma parte do que foi planejado, será ou não incorporado no projeto final de uma peça”, conta esse diretor que coordena uma equipe de 15 pessoas nas oficinas Laurent Ferrier, incluindo seu filho Christian, e mais oito relojoeiros que concebem suas peças na mais pura tradição relojoeira. E essa é uma das maiores ambições do Atelier Laurent Ferrier que se esmera em oferecer criações inovadoras, tanto técnica como esteticamente, respeitando o legado dos seus antepassados que lançaram as bases da relojoaria moderna.
Ferrier pode passar horas falando de sua paixão e dissertando sobre como compor uma peça única, de acordo com o seu grau de exigência. “Originalmente num relógio não há especificações de curso técnico e estético, o essencial é considerar esses dois aspectos na gênese do projeto. Se as partes estão em harmonia é que elas foram pensadas como um todo. Estes elementos constituem um brief que é transmitido para o gabinete técnico que traduz minhas indicações e que depois serão exploradas no contexto da realização. Nesta fase, há muita interação entre a equipe de criação e o departamento técnico. São estas idas e voltas que permitem refinar o projeto até que elas me satisfaçam, pessoal e tecnicamente”, relata o mestre dos ponteiros do alto de sua imensa experiência.
Esse homem que vive diante das montanhas diz que tudo pode ser fonte de inspiração: “Às vezes, basta ajustar o olhar numa perspectiva diferente para encontrar novas ideias em objetos cotidianos,” confessa. É essa inspiração diária que o leva à perseguir a liberdade para poder criar sem restrições, tendo a oportunidade de trabalhar com os melhores artesãos e a ter sorte de encontrar pessoas que apreciam belos relógios com quem ele possa compartilhar momentos de convívio em torno de uma paixão em comum. “Sou um homem de sorte porque esses sonhos estão dentro do meu alcance.”
Como abordar o conceito filosófico do tempo que se conjuga no presente, no passado e no futuro com um homem que entende de seus mecanismos? “Os relógios estão entre os poucos objetos que contêm em si um conceito de tempo. Eles recriam fielmente a divisão do tempo que é um princípio universal e imutável. A medição do tempo, no entanto, tem evoluído e a dimensão mecânica quase desaparecido. Felizmente, as técnicas e habilidades do passado tem encontrado o seu lugar no presente e já faz parte do futuro com artesãos talentosos que repassam seus conhecimentos às gerações mais jovens”, explana esse homem apaixonado pela inteligência do gesto e pela perícia artesanal. “A relojoaria é uma grande aventura humana e a conservação dessas habilidades manuais é um dos grandes objetivos do Atelier Laurent Ferrier. Também gosto de pensar que as pessoas fascinadas por relógios reconheçam o verdadeiro valor de toda a engenhosidade contida em cada um desses pequenos objetos que possuem…”
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