Min Jung-Yeon

19 de novembro de 2019

Para observar atentamente e entender os fantásticos desenhos criados por Min Jung-Yeon, é preciso ter olhos bem abertos e um coração sensível. Suas criações são delicadas, leves, etéreas e cada traço parece flutuar no espaço, como se o infinito fosse o destino dos seus desenhos. O Museu Nacional das Artes Asiáticas – Guimet, em Paris, deu carta branca para essa artista coreana, que criou uma instalação situada na rotunda do 4º andar e que ficará em cartaz até 17 de Fevereiro de 2020. Numa sala completamente envelopada por espelhos tridimensionais, Min Jung-Yeon dissipou seus finos e delicados traços em preto e branco, provocando no visitante, desde sua entrada, uma sensação de imersão na obra da artista. Quase indeléveis mas habilmente desenhados com força e convicção, esses desenhos aparecem e desaparecem nesse grande caleidoscópio de reflexos, convidando o observador a seguir seu trajeto indefinidademente. A impressão é que essas imponentes gravuras envolvem todo o ambiente e, misteriosamente, desaparecem em ângulos recôncavos e convexos… Será que são as asas de um pássaro gigante? Onde elas começam? Onde terminam? Para o expectador o questionamento será permanente porque nessa instalação nada é estático, nem previsível, nenhum desenho tem a forma imaginada, tudo é feito de sutilezas, de impressões de uma arte abstrata calcada na realidade de um tempo que não segue uma ordem estabelecida.

Valendo-se de elementos figurativos ligados a sua história pessoal e às suas referências culturais, Min Jung-Yeon se apropria do talento das suas mãos para desenhar sua arte que gravita com fluidez entre controle e liberdade total dos gestos. Como num sonho, em suas criações artísticas nada é completamente real e nada é completamente imaginário, apesar da artista mergulhar no seu mundo interior para criar paralelos que interagem com o fluxo de sua existência material. Seus desenhos tem uma força harmônica e, para quem os observa atentamente, eles adquirem formas surreais, onde os cenários se encontram e se separam, criando uma atmosfera de realidade paralela que envolve o próprio expectador na narrativa dessa arte orgânica, sensível e emocionante. Em alguns momentos, a imersão parece ser tão real que o visitante tem a impressão de adentrar, literalmente, na alma da artista, tanto sua obra é rodeada de valores espirituais profundos sem, contudo, ostentar um credo religioso. Esse é o mundo mágico de Min Jung-Yeon.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges

IMAGEM – Cortesia da artista Min Jung-Yeon & Galerie Maria Lund, 2019 © Thierry Estrade © Todos os direitos reservados

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