No atelier de Cézanne
Paul Cézanne tem 62 anos quando instalou o atelier dos seus sonhos, em Aix-en-Provence, nas colinas da comunidade Les Lauves, não muito longe de sua amada montanha Sainte-Victoire. De 1902 a 1906, o pintor trabalhava diariamente neste local onde dezenas de obras famosas nasceram. Todas as manhãs, ele vai para o seu atelier para encontrar a paz, a solidão e a luminosidade que esse espaço oferece como uma serena contemplação.
É uma casa simples, até mesmo comum. Na entrada, um jardim sem grandes ornamentos acolhe mesas e bancos dispostos embaixo de árvores, usados pelos visitantes que esperam o momento de subir para visitar o atelier de Paul Cézanne (1839-1906). À entrada, logo à esquerda, uma livraria rende homenagem ao famoso proprietário do local com reproduções de suas pinturas. Ao subir as estreitas escadas, uma pequena sala no primeiro andar, atrai o olhar. Localizado no primeiro andar da casa, o atelier é iluminado por duas janelas direcionadas para o sul e, para o norte, por uma grande vidraça de vidro, esse janelão preenche completamente um dos cantos da sala iluminando tudo ao redor mas o sentimento que fica é a nítida sensação de que o pintor ainda está por lá, preparando os pincéis e misturando as cores para retocar uma tela.
Quase todos os seus instrumentos de trabalho encontram-se dispostos sobre a mesa, seus casacos ainda manchados de tinta estão pendurados na parede, as pontas dos pincéis ressecadas pelo tempo e as frutas em estado de composição preenchem o ambiente com o espírito do mestre. Tudo aparece artisticamente imóvel nesse lugar em que nos sentimos parte da obra do autor e onde repousa uma forte energia criativa. É como se Cézanne tivesse apenas feito uma pausa.
A impressão é que, a qualquer momento, ele vai voltar, dar continuidade a uma de suas criações e que podemos observá-lo executar seus quadros. Nos dias de inverno ou chuvosos, Cézanne ficava aqui, em seu ateliê, procurando inspiração em meio ao silêncio desses objetos familiares, que se tornaram modelos de suas naturezas-mortas. Ele testava tonalidades em vasos, garrafas, flores de papel ou de pano, frutas. Tudo servia para guiar o olhar do mestre, cujas obras nos emocionam com suas pinceladas coloridas.
IMAGEM – Christian Nouzillet para Correspondance Magazine®
Você precisa fazer login para comentar.