Riccardo Giraudi

27 de junho de 2017

Ele tem, literalmente, a carne e a faca em suas mãos! Depois de ter finalizado um Bachelor of European Business School, em Londres, no final dos anos 90, Riccardo Giraudi descobriu o conceito inovador dos grandes restaurantes daquele momento como Sketch, Momo’s, Hakkasan, Nobu. “Lugares incrivelmente festivos, com um design único e uma identidade visual forte, que ofereciam comidas como em nenhum outro lugar e onde todos queriam ir. Fiquei fascinado e isso me inspirou muito”, conta o empreendedor. De volta a Mônaco, trabalhando com seu pai, criador de uma empresa de importação e exportação de carnes na Europa, o Grupo Giraudi, Riccardo não conseguia esquecer o modelo dos restaurantes londrinos e ansiava por desenvolver o mais rápido possível esse negócio, que ela visualizava com sucesso.

“Queria examinar, encontrar e investir em raças excepcionais dos quatro cantos do planeta para importá-las na Europa”, conta o empresário, que é o primeiro importador na Europa de “Black Angus”, raça bovina britânica. “Sou apaixonado pelo “Kobe beef” e tenho muito orgulho de tê-lo importado com o intuito de transformá-lo, através de criações únicas, como o Jamon de Buey de Kobe, que refinamos na Espanha.” Em paralelo, o desejo de criar um restaurante ficou registrado na cabeça de Riccardo Giraudi que teve a oportunidade de realizar esse sonho em 2005 com seu primeiro “Beefbar”, em Mônaco. Agora o conceito é exportado internacionalmente e, inclusive, obteve uma estrela Michelin em 2016. Correspondance Magazine® conversou com o empresário que, há mais de 10 anos cria conceitos de restaurantes, que refletem essencialmente suas paixões. Seu  projeto mais recente é o Anahi Paris que passou por uma transformação visual e gastronômica completa para atender a nova demanda do bairro, nos arredores do Marais, que se tornou uma espécie de QG da moda, um dos centros de interesse de Riccardo Giraudi.

Conte-nos um pouco sobre o projeto do ‘novo’ restaurante “Anahi” em Paris.

– Desejei recriar a aura desse restaurante que frequentava há muito tempo. O “Anahi” foi criado em 1985 por Carmina e tornou-se um endereço lendário. Um local onde fazíamos a festa! Mas depois o restaurante ficou fechado por algum tempo mas agora tive a oportunidade de reabri-lo e estou feliz em reencontrar essa atmosfera única em Paris. O mais importante de tudo isso é poder recomeçar essa aventura festiva com Carmina. Todavia, é no cardápio do restaurante que minha experiência interfere realmente, através das melhores carnes com cortes típicos da América do Sul, preparadas num forno sob medida, desenhado especialmente para nossos restaurantes. Além disso, os clientes podem saborear em Paris o famoso e exclusivo “Jamon de Buey de Kobe”.

Quais desafios você enfrentou para essa reforma, e como você os superou?

– O primeiro desafio foi técnico. Tudo que não é visível foi renovado. Nós trabalhamos com os designers dos meus restaurantes, Humbert & Poyet, para encontrar uma atmosfera retrô adequada, permanecendo elegante e conservando a identidade histórica do “Anahi”. Percebi todo o processo como uma casa antiga que, para ser honrada, precisa ser reformada para manter sua substância. Para mim, este restaurante é atemporal e isso é precisamente o que é mais difícil de recuperar num estabelecimento. O segundo desafio agora vai ser fazê-lo permanecer por um longo tempo como uma referência, como outrora, e temos a obrigação de dar continuidade a essa bela história.

Sobre a concepção do cardápio do “Anahi”, o Chef teve carte branca para elaborar esse conceito gastronômico ou você também deu sugestões?

– O “Anahi” já existia e o meu sonho era preservar o espírito do local. No que diz respeito ao cardápio, refiz um esboço geral com o Chef executivo dos meus restaurantes, Thierry Paludetto, e o Chef do Anahi, Gabriele Faïella. Além disso, a cozinha não é estritamente argentina, é uma cozinha sul-americana em geral, que oferece a melhor carne do mundo de acordo com 5 modelos de cortes da América do Sul, dos quais, picaña e entraña. Também temos um saboroso guacamole, as famosas empanadas e ceviches, e o “Tiradito” do Chef Dimitris Katrivesis. No passado, as pessoas vinham ao “Anahi” pela atmosfera festiva e pela personalidade carismática de Carmina. Espero que esses clientes continuem vindo também pela oferta de carnes nobres que oferecemos e que nos desdobramos para torná-la a mais notável possível.

Uma vez que o sucesso do restaurante “Anahi” seja restabelecido, que outros projetos na area da restauração você pretende investir?

– Sou movido a projetos e tenho sempre muitos em mente. Preciso criar constantemente, esse é meu motor na vida. Sonho em desenvolver o meu conceito de “Beefbar” no mundo inteiro e não quero que eles sejam similares, imagino uma identidade marcante para cada local. Cada nova abertura é a oportunidade de criar um restaurante exclusivo e a dupla de arquitetos Humbert & Poyet estão envolvidos neste processo. O “Beefbar Dubai” em breve vai abrir suas portas e estamos considerando Xangai e Paris. Também quero apoiar alguns conceitos gastronômicos mais acessíveis, como “Grubers”, com propostas de hambúrgueres. Atualmente estamos pensando sobre o mundo da pizza e outro conceito de mono produto em torno da carne ou ainda um outro 100% dedicado ao beef de kobe japonês. Gosto de alternar entre os endereços acessíveis com outros inscritos num universo de luxo contemporâneo.

Com tantos projetos tão diversificados, o que inspira você no dia a dia?

– Os detalhes. Vejo tudo e presto muita atenção a cada descoberta mas, na verdade, a moda e o design me inspiram constantemente na minha vida diária. Aprecio esse universo porque é um mundo à parte, em relação ao que estou habituado a fazer profissionalmente, que é mais voltado para a gastronomia.

E nos negócios?

– O sucesso dos outros. Fico sinceramente admirado e contente quando as pessoas se destacam no que fazem.

Com o que você sonha?

– Em ser criativo, sempre! Para mim, criatividade é sinônimo de liberdade.

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