Saint-Paul de Vence
Aninhado numa estreita colina entre dois vales profundos é possível avistar essa fortaleza suntuosa que data do século XIII que atrai todos os olhares ainda de longe na estrada, onde encontra-se Saint-Paul de Vence. Um dos mais belos vilarejos medievais com charme provençal, cujas muralhas permanecem intactas protegendo grande parte das suas ruelas típicas e suas seculares casas. A história conta que no século XVI, Saint-Paul de Vence foi governada pelos Lordes de Grasse-Bar e depois se tornou uma vila Real. Temendo ataques, em 1537, François I construiu uma segunda muralha que envolve completamente o vilarejo e, durante essa contrução, várias centenas de casas tiveram que ser destruídas fazendo com que os moradores ocupassem os terrenos abaixo dessa colina, onde encontra-se atualmente La Colle.
Como todo vilarejo medieval, Saint-Paul de Vence é um labirinto de ruas estreitas e inclinadas com nomes estranhos e sugestivos, tais como “Rue du casse-cou”, literalmente, Rua do Quebra-Pescoço. Essas ruelas foram construídas em torno do eixo central, formado pela rua principal, que norteia de norte a sul o vilarejo e passeando por elas é possível apreciar uma enorme quantidade de galerias de arte, lojas de souvenirs, pequenos restaurantes e se deslumbrar com a paisagem ao redor da colina, que cultiva a bebida preferida de Baco com suas radiantes vinhas. Ao longo do tempo estas ruas mudaram muito pouco em sua aparência, apenas a terra batida do início do século XX foi substituída por ruas pavimentadas com elegantes paralelepípedos dispostos em forma de flores, que se harmonizam com as antigas elevações medievais.
Uma galáxia de pintores, cineastas franceses e estrelas internacionais Picasso, Braque, Miró, Marcel Carné, assim como os escritores Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Colette, André Gide, Paul Valéry, entre outros, eram assíduos frequentadores do pequeno hotel “La Colombe d’Or” onde se hospedavam para trabalhar usufruindo dessa atmosfera de calma e tranquilidade. O ator e compositor francês Yves Montand gostava de jogar petanca na praça do vilarejo, que até hoje mantém essa tradição local, o pintor Marc Chagall e sua esposa Vavá viveram na cidade e estão enterrados no cemitério da cidade. Sua singela tumba é reconhecida pela quantidade de pedrinhas que se acumulam com mensagens de admiração e carinho por esse artista memorável. Esse tributo póstumo faz referência às origens russa e judaícas do pintor.
Percorrendo as ruelas desse vilarejo, reserve um momento para visitar a decoração da capela dos Penitentes Brancos, uma obra singular pintada pelo artista belga Jean-Michel Folon. Essa pequena capela dos idos do século XVII e XXI foi sede da Irmandade dos Penitentes Brancos por mais de três séculos, redecorada pelo artista que desenhou vitrais, esculturas e pinturas. Todas as paredes e o teto foram usados como suporte artístico, tal qual uma tela em branco que envolve o interior da capela, esse trabalho global rico em cores, foi imaginado pelo artista, ainda em vida, e executado por artesãos locais. Fascinado pela luz, Folon reproduziu em seus desenhos um universo artístico-espiritual que se harmoniza no espaço criando uma atmosfera sagrada. “Criar algo espiritual, tentar entender o significado profundo de um lugar, é a verdadeira felicidade”, dizia Folon, sua obra eternizada nesta pequena capela coloca em evidência a importância do seu talento artístico.
TEXTO & EDIÇÃO – Marilane Borges
IMAGEM – Christian Nouzillet em Reportagem Especial para Correspondance Magazine® Fotografias da capela Penitentes Brancos clicadas por © Elisabeth Rossolin © Jacques Gomot © Patrick Hertzog © Roland Michaud e Secretaria de Turismo de Saint-Paul de Vence © Todos os direitos reservados
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