Stéphanie Coutas

21 de abril de 2017

Esteta por natureza, Stéphanie Coutas exerceu suas habilidades criativas como designer de moda no início de sua carreira profissional e, ainda estudante, redesenhava suas casas. De tanto se exercitar nesse ofício, ela decidiu fazer isso profissionalmente com o objetivo de criar projetos completos que permaneçam no tempo. “Acho que sempre fui uma designer. Confesso que é uma honra para mim cada vez que alguém decide me confiar seu projeto”, confidencia Coutas. Seu primeiro trabalho de arquitetura de interiores foi desenhar uma pequena boutique, localizada na famosa “Rue Cambon”, conhecida no mundo inteiro por causa de Coco Chanel.

Para a designer e arquiteta de interiores esse projeto foi um verdadeiro desafio, porque a ideia era criar um conceito, assim como uma loja de roupas para crianças. “Comecei projetando um logotipo imbuído com uma identidade visual forte usando listras coloridas nas paredes. Dividimos o espaço em dois opostos: meninos e meninas. O lado dos meninos fluía de azul escuro para azul claro com prateleiras Corian no topo. No outro, tínhamos laranja claro e listras fúcsia para as meninas. No meio, criei um aquário cheio de peixe japoneses para incentivar as crianças a se divertirem; normalmente, são apenas as mães que gostam de fazer compras mas, desta vez, a boutique foi um sucesso porque as crianças gostavam de ir lá. O nosso logotipo era um peixe com uma aparência manga e nasceu um nome: “Cambon 4 kids”. Foi muito agradável projetar essa loja de A a Z e adoraria fazer mais alguns projetos como este.”

Mas nem só de boutiques sonha Stéphanie Coutas que conta com projetos diversificados, hotéis, residências privadas, restaurantes e atualmente trabalha na reabilitação do hotel particular da ex-sede da Fédération du Prêt à Porter e da Galeria Drouot, dentre muitos outros projetos arquiteturais. “Aprendizado é a palavra de ordem todos os dias. Considero meu trabalho como um condutor de orquestra, tenho que estar por trás de cada detalhe em todos os momentos. Mas esse controle não se traduz em uma obsessão, é apenas paixão pelo que faço…” Correspondance Magazine® conversou com Stéphanie Coutas para traduzir em palavras sua incansável verve criativa e descobrimos que, além de ser completamente apaixonada pelo que faz, a arquiteta de interiores obedece cegamente a sua intuição.

O que inspira você?
– Minha inspiração pode vir da observação da mãe-natureza ou da estampa de um sari de seda antigo, bem como da damiração pelo mobiliário da década de 1940. A inspiração está em toda parte, sempre, é por isso que a criar é tão gratificante.

Quais adjetivos podem ser usados para qualificar seu trabalho?
– Penso que o meu trabalho compreende uma combinação da minha educação cristã tradicional com a minha infância itinerante, descobrindo diferentes países e culturas. O resultado é um estilo formal, misturado com o desejo de provocar emoções inesperadas, esses elementos qualificam o meu trabalho. Em última análise, aprecio criar um efeito atraente: quando você entra em uma casa, algo tem que chamar imediatamente sua atenção enquanto os outros detalhes devem aparecer de maneira sutil e chique. Para que nosso trabalho atinja o resultado almejado, combino uma boa dose de equilíbrio entre a personalidade do proprietário, nossa sofisticação e um toque de ousadia.

Com projetos tão diversificados, como você escolhe que tipos de materiais vai utilizar?

– O toque de uma textura é tão importante quanto a aparêcia e, pessoalmente, amo tecidos! Este é um aspecto essencial para transformar o ambiente numa casa aconchegante. Trabalho muito com veludos e couros, o primeiro pode ser combinado com fios de metal ou em relevo e se adpata a muitas outras opções. Gosto de definir uma cor de fundo acompanhada por uma gama de versões e é interessante observar como uma única cor pode ser multiplicada em uma variedade de tecidos diferentes.

Quem dita o seu ritmo a intuição ou as tendências?
– Sou guiada pela intuição com base em novos materiais que estão em constante desenvolvimento.

Quem influenciou você, de alguma maneira, ao longo da sua carreira? Como e por quê?
– Peter Marino pela sua incrível audácia e Karl Lagerfeld, um ícone, que amplia e expressa sua criatividade com a mesma facilidade em todos os vetores artísticos.

Como você se define: arquiteta de interiores, designer, decoradora ou ambos?
– A força da agência é, sem dúvida, um conjunto dessas habilidades de arquitetura e decoração e tenho orgulho de ser o diretor artístico desta equipe. Além do fato que, como designers, projetamos a maioria de nossos objetos e móveis, porque acreditamos que cada projeto é único.

Existe alguma obra específica que você gostaria de realizar?
– Amo novos desafios e adoraria projetar um hotel debaixo d’água ou uma casa inteiramente de vidro branco. Um castelo seria fantástico também e talvez uma fazenda com lotes de terreno na Austrália. Na verdade, meu sonho é continuar fazendo o que faço com sinceridade e paixão… Minha melhor recompensa é ver um sorriso no rosto dos meus clientes quando finalizamos seus projetos.

Em que projetos a agência está trabalhando atualmente?
– Estamos engajados na reabilitação do hotel particular da ex-sede da Fédération du Prêt à Porter e da Galeria Drouot, em Paris. Dois projetos com identidade e temática forte que nos são caros: a moda e a arte.

Com o que você sonha?
– Em desenvolver um conceito de casas de alta qualidade ao redor do mundo onde poderíamos aplicar todo o nosso universo e nosso estilo de vida.

IMAGEM – X. Renoux 

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