“The Icebearg”

18 de janeiro de 2021

Irreverente e cheia de ideias, nossa entrevistada gosta de se inspirar da natureza para desenhar propostas criativas na área de brinquedos e móveis. Trabalhando com marcas de brinquedos de madeira e com design de produtos Solenne van den Broek d’Obrenan desenvolveu sua marca própria em peças de mobiliário de arte, produzidas em pequenas séries em colaboração com ateliês franceses. Sua criação especial, The Icebearg, é uma peça esculpida executada pelos Ateliers Fayolles e por renomados artesãos da França. Este objeto de design feito à mão e sob encomenda tem sua estrutura interna de madeira sob o formato de um casco de barco, com espuma entalhada manualmente assim que uma camada de espuma de memória para um conforto absoluto. Para falar de seus projetos criativos e, sobretudo, da sua última criação The Icebearg, a designer e artista Solenne van den Broek d’Obrenan conversou com exclusividade com Correspondance Magazine®.

Conte-nos sobre suas criações, principalmente “The Icebearg”, e como você chegou até a essa ideia?

– A ideia do urso Icebearg veio de meus esboços de brinquedo, mas não pude deixar de sonhar com ele como um adulto. Por noites, me imaginei sendo embalada pelo meu urso gigante! Trabalhei na ideia e tive a sorte de ter meu projeto selecionado por um programa da Prefeitura de Paris para fazer o primeiro protótipo. Escolhi um marceneiro talentoso que adorou a ideia e fez a estrutura de madeira como o casco de um barco. Este marceneiro então me apresentou a um estofador Meilleur Ouvrier de France, que se entusiasmou com o desafio técnico da peça. Para apresentar o Icebearg, decidi levar o urso Icebearg a uma exposição virtual no Instagram, onde ele aparece em torno de 5 temas. Há uma maquete da exposição que orienta os visitantes, e as cenas desse urso imaginário se misturam a obras de outros artistas com os quais queria compartilhar.

Como você gerenciou as interações entre os artesãos e os colaboradores que trabalharam neste projeto?

– O que realmente me ajudou foi que tive a chance de conhecer as pessoas certas para este projeto. A colaboração parecia muito natural para mim. Senti muito respeito mútuo entre os artesãos que compartilharam seus conhecimentos técnicos e minha visão da peça que queria. Esta peça é muito atípica e difícil de fazer, era essencial que os artesãos se apaixonassem por este urso Icebearg para poderem ultrapassar todas as dificuldades. Eles me apoiaram muito e graças esse trabalho em equipe sua realização foi possível.

Houve um momento crucial em que você decidiu seguir sua trajetória profissional ?

– Sempre quis ter meu próprio estúdio par poder criar livremente, a questão é quando é o momento certo para começar. Tomei a decisão um dia e então, foi uma sucessão de ótimas reuniões e seleções que reforçaram meu projeto.

Qual é a sua rotina diária quando você trabalha?

– Tenho uma importante coleção de cadernos de desenho onde rabisco e anoto todas as ideias que vêm à minha mente, de objetos, brinquedos, formas, padrões. A inspiração pode ser encontrada na vida cotidiana, por isso me acostumei a esboçar minhas ideias o tempo todo. No final,  elas são de grande utilidade para e alimentam todos os meus projetos. No meu trabalho, atuo em ciclos, alterno períodos de trabalho muito intensos na criação de projetos e períodos mais calmos de monitoramento desses projetos.

Se você pudesse trabalhar em um movimento artístico do passado, qual escolheria?

– Com o estilo Luís XVI, que deveria ser chamado de estilo Maria Antonieta, mas no espírito do Surrealismo. Gosto do clima desse período, gosto das referências à antiguidade, das arcadas, com muita ode à natureza, muita suavidade e graça, elegância nas esculturas e molduras. Toda essa busca por um cotidiano bucólico, teatral, de artistas, da arte dos jardins… Por outro lado, se tivesse que trabalhar nessa corrente artística, não gostaria de dar uma versão literal e clássica disso, mas uma versão atual, mais livre do que o contexto histórico da época não permitia. Por isso, gostaria de interpretá-lo no espírito da corrente surrealista, que adoro, pela liberdade de interpretar a realidade, a poesia, a alegria de viver e a narração de suas obras.

Como você se define: decoradora, designer, criadora, artista?

– No momento, gosto de me definir como uma ‘designer-artista’ porque arecio explorar uma infinidade de territórios.

O que mais inspira você, na vida e no trabalho?

– O que me inspira é a natureza, os animais, as plantas, as paisagens. Além da natureza ao meu redor, gosto de assistir aos documentários sobre animais e figuras históricas. Sempre encontro muitas ideias de padrões, formas, arquitetura… Também gosto de observar o quotidiano e de visitar as oficinas dos artesãos enquanto eles trabalham!

O que você gostaria de realizar em sua vida e carreira em um futuro próximo?

– Gostaria de continuar editando os objetos que povoam meus cadernos de desenho para poder apresentar a decoração completa do meu cotidiano de sonho, me cercar de uma equipe para realizar mais projetos e também realizar uma cenografia completa em torno do urso Icebearg , no saguão de um hotel ou para uma exposição.

EDIÇÃO DE TEXTO – Marilane Borges

IMAGEM – Cortesia da artista Solenne van den Broek d’Obrenan © Todos os direitos reservados

Você também pode gostar...