“A Tempestade”
Como uma gota de água pode provocar uma tempestade, o CRAC – Centre Régional d’Art Contemporain Occitanie – Pyrénées-Méditerranée, se valeu do texto de William Shakespeare como mensagem para colocar em evidência a exposição coletiva “A Tempestade”, apresentada na cidade de Sète, no sul da França, que reúne o trabalho de vários artistas de renome internacional Hugues Reip, curador da exposição, conferiu aos artistas carta branca para que eles pudessem exercer sua imaginação contrapondo a figura disforme, selvagem dos instintos que habitam o homem à figura etérea, incorpórea, espiritualizada das mais altas aspirações humanas. Como apenas a arte pode suprir o desejo de liberdade, os jovens artistas se deixaram levar por suas introspecções a fim de que o público vivencie uma experiência intensa através de escuturas, imagens, sons, pinturas abstratas, retratos, instalações e trabalhos in situ que evocam os estados da natureza, fisica e emocional, do ser humano.
O artista Hugues Reip, através de sua arte, que inclui filmes, música e outras intervenções, soube guiar os vários artistas convidados a participar dessa exposição coletiva, transmitindo uma mensagem que explora o fantástico e o extraordinário do cotidiano. Evidentemente, no seio dessa questão sobre a ficção da tempestade, temática da exposição, as instalações sugerem uma viagem interior que cada ser humano deve fazer, levando consigo todas as composições recorrentes de uma existência, onde ausência-presença, vida-morte, alegria-tristeza são alguns dos assuntos recorrentes. “A Tempestade” simboliza uma profecia: a de que o ser humano está fadado a esconder ou revelar sua verdade subjetiva em permanência.
Tal qual o fenômeno da duplicação e repetição da ficção de um evento, de uma realidade que está fora de si, “A Tempestade” oferece momentos de reflexão por meio de propostas artísticas que inundam cada uma das salas. Cabe ao visite intensificar seu estado de espírito. Para aqueles que vivem tormentas interiores, onde as experiências exigem o teste dos limites perceptivos, como se o passado estivesse errado e que o presente oferecesse uma alternativa de controle, “A Tempestade” pode oferecer práticas alternativas e subjetivas que somente a arte pode propor com seus valores simbólicos.
TEXTO & EDIÇÃO – Marilane Borges
IMAGEM – Christian Nouzillet em reportagem especial para Correspondance Magazine®
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