Anna Hu

26 de setembro de 2017

Quando criança Anna Hu sonhava em ser uma violoncelista solo, uma carreira para a qual ela se dedicou intensivamente, adotando um sólido treinamento de música clássica com especialização em violão. Concentrada em seu sonho de poder subir ao palco sozinha e ser uma das melhores artistas musicais de seu país, Anna Hu praticava com toda a sua energia suas lições todos os dias. “Essa era a única coisa em que me concentrei na minha vida naquela época,” admite a jovem artista. No entanto, aos 20 anos, esse treinamento intenso machucou seu ombro e os médicos atestaram que por causa dessa grave lesão ela não poderia mais se exercer para ser solista. “Este foi um grande choque para mim e não sabia o que fazer da minha vida, já que havia perdido a mais preciosa das minhas paixões”, confessa a designer de joias.

Foi seu pai que a encorajou a seguir um caminho diferente, aconselhando-a a desenvolver seu talento no ramo das pedras preciosas. Nascida numa família de joalheiros, Anna Hu tinha se dedicado por um tempo como negociante de pedras preciosas e diamantes e seu pai a fez relembrar que quando ela era pequena adorava apreciar esse mundo multicolorido e cheio de mistério das pedras preciosas. Algum tempo depois ela considerou a ideia de combinar todas as cartas que tinha na mão para se tornar uma designer de joias.

Para transformar esse novo sonho em realidade, Anne Hu cursou ao longo de 5 anos as mais renomadas instituições como o Gemological Institute Of America – GIA, a Parsons School, o Fashion Institute of Technology – FIT e a Universidade Columbia, para em seguida aplicar seu conhecimento técnico trabalhando para a Christie’s, Van Cleef & Arpels e Harry Winston. “Foi o Sr. Maurice Galli, meu mentor quando estava na joalheria Harry Winston, que me encorajou a iniciar minha própria carreira com minha marca homônima”, admite a criadora de Anna Hu Haute Joaillerie. Seu primeiro salão de joias foi no Plaza Hotel e durante a Bienal de Paris, que aconteceu entre os dias 11 e 17 de setembro, Correspondance Magazine® encontrou a designer de joias de origem chinesa para descobrir o que a inspira nesse seleto mundo da alta joalheria.

Quanto tempo você levou para desenhar a coleção lançada durante a Bienal de Paris neste ano?

– A maioria das 19 peças que mostrei durante a Bienal de Paris este ano fazem parte do meu primeiro livro, “Sinfonia de Joias: OPUS 1”, lançado pela editora Thames and Hudson, que inclui as 100 principais peças que criei durante os primeiros 5 anos da minha carreira. Algumas peças levaram cerca de 6 meses, em média, entre o desenho até a peça ser produzida nas minhas oficinas francesas; outras levaram mais de 2 anos entre minha inspiração, a finalização dos projetos, a comunicação do que desejava esculpir com as minhas oficinas até as peças ganharem sua forma final.

Conte-nos um pouco sobre a pesquisa que você fez para esta coleção. Por que foi importante para você mostrar essa coleção em Paris?

– Embora este seja o décimo ano da minha carreira no mundo das joias, estar na Bienal de Paris pela primeira vez neste ano marcou de forma contundente minha carreira artística. Foi a maior das honras poder ser capaz de participar da Bienal, e ser convidada pelo Sindicato Nacional de Antiquários – SNA, como a primeira e a mais jovem artista de joalheria da história da Bienal, esse foi definitivamente um momento de muito orgulho para mim. Desejo sinceramente aproveitar esta oportunidade como uma revelação, convidando o público a apreciar o início da minha jornada como designer, homenageando minhas raízes e preparando o palco para a publicação do meu segundo livro que será lançado no próximo ano.

Fale-nos um pouco sobre essa publicação.

– Todas as peças apresentadas na Bienal de Paris representam a essência desse primeiro livro, que é cercado pelo tema da arte, da literatura e da cultura. Minhas criações exibidas neste ano são representações metafóricas e cada peça foi elaborada com a mais alta qualidade dos materiais que acompanham essa história.

Como você encontrou inspiração para desenvolver essa coleção?

– Tudo o que vejo diariamente me inspira, natureza, arte, literatura, cultura, arquitetura, qualquer coisa! Quando trabalho com o desenho de uma peça, adoro ser estimulada visual e acusticamente ao mesmo tempo. Confesso que quase todas as minhas criações podem ser associadas a um trecho de música ou a uma arte que no momento certo elevou minha imaginação. Vejo, ouço, sinto e crio, é assim que traduzo a minha inspiração no design de joias.

Qual foi a parte mais gratificante de participar da Bienal de Paris?

– Ver a integração perfeita da Cultura francesa e das Artes chinesas, onde “East meets West” tendo motivos do design chineses permutados ao artesanato francês clássico. Sinto-me honrada em ser a Embaixatriz que alia essas duas culturas tão pertinentes.

Existe algum motivo que fez você gostar de design de joias?

– Gosto dessa disciplina porque posso deixar minha imaginação fluir sem freios. O único objetivo que tenho é criar bonitas peças para meus clientes. O lado bom do design de joias é que não há certo ou errado, guardo o controle total de tudo e não tenho que me preocupar com os possíveis erros. Gosto especialmente de associar tudo o que vejo com o treinamento de música clássica que recebi quando era jovem e transformar cada etapa do processo criativo em minha própria interpretação do design de joias.

Quais são os adjetivos que podem descrever seu estilo como designer? O que você mais gosta nesse “métier”?

– Meu estilo pode ser considerado como romântico, fluido, orgânico e autêntico, acompanhado da qualidade inigualável das pedras preciosas que uso associadas ao artesanato francês. Criar as joias mais bonitas do mundo é a minha missão e o meu compromisso ao longo da vida com meus clientes. Sou agradecida por ter imaginação, criatividade, energia e paixão, forças contínuas que coopto no meu trabalho. Sobre o meu ofício, gosto da liberdade e da flexibilidade do processo de criação de joias. Também é gratificante ver minhas criações fazerem parte dos momentos de celebração dos meus clientes como um símbolo dos marcos importantes de suas vidas.

Qual é o seu fato favorito sobre “joias” e por quê?

– A joia é uma acessório que ocupa uma parte intimista do corpo humano e deve ser suave, orgânica e fluida. O meu fato favorito é que as joias são atemporais. Elas podem ser uma herança que carrega o legado da família e, passando de geração em geração, nunca envelhecem.

Qual a mensagem que você gostaria de frisar sobre suas criações?

– Confirmando o slogan de “Anna Hu Haute Joaillerie”, desejo deixar como legado “As mais belas joias do mundo” e que minha marca se transforme num eterno “Conto de joias”, tanto para os meus estimados clientes como para meus queridos amigos.

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