Arte africana

3 de agosto de 2017

Visitar a riqueza artístico-cultural da África, sem pisar os pés no continente, tendo como guia o colecionador de arte Jean Pigozzi, essa é a proposta da exposição “Arte/África, o novo atelier”, apresentada na Fundação Louis Vuitton até 04 de setembro deste ano. Instalações, vídeos, pinturas, esculturas, fotografias, colagens, tapeçaria, ateliês de dança, poesia e artesanato, tudo foi imaginado para que o visitante faça uma imersão total na nova cena artística sul africana. Os organizadores da exposição se basearam em três critérios para escolher os artistas africanos que iriam representar o seu país na França: que os artistas fossem da África negra, que vivessem e trabalhassem no próprio país.

“Sempre estivemos interessados em pernonalidades cuja criatividade não foi contaminada por uma formação acadêmica, nem sofreram influência de grandes artistas ocidentais”, discursa Suzanne Pagé, diretora artística da Fundação Louis Vuitton. “Todos os artistas presentes na “Arte/África, o novo atelier” são, em sua maioria, autodidatas, cuja inspiração vem em grande parte da sua própria cultura, da sua vida cotidiana e, às vezes, das imagens de revistas internacionais, como Paris Match, por exemplo”, atesta a historiadora. Nessa viagem artístico-cultural aparecem nomes consagrados, entre os quais, Seydou Keïta e Malick Sidibé, além de muitos outros que mapeiam a atual geografia criativa desse país-continente.

A cenografia da exposição, ultra colorida, coloca em destaque obras de arte inusitadas como as máscaras feitas de galões de agua do artista Romuald Hazoumè, que são criativas, divertidas e de uma simplicidade desafiadora. Nesse mesmo contexto, Calixte Dakpogan usa canetas esferográficas, lâmpadas, cadeados para configurar suas obras, cada artista se vale apenas do próprio talento para apresentar propostas modestas que esculpem e delineiam criações com uma mensagem forte e intensa. A instalação de Jane Alexander com seus cães de guarda é arrepiante. Tantas evidências que denunciam a dor e a alegria de uma nação que ainda vive sob o jugo da ausência de oportunidades e igualdade mas que, para os artistas, é um campo fértil que transborda de criatividade.

TEXTO & EDIÇÃO – Marilane Borges

IMAGEM – Christian Nouzillet em reportagem especial para Correspondance Magazine®

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