As Valquírias de Dior
As técnicas que Joana Vasconcelos explora – costura, tricô, crochê –, como artesanato tipicamente feminino, contrastam com o caráter gigante e visual de sua obra, especialmente desenhada para a Dior.
A artista portuguesa participou em grandes exposições internacionais – incluindo a Bienal de Veneza em 2005, onde foi apresentada a sua instalação empenhada (A Noiva). Uma retrospectiva no Museu Guggenheim de Bilbao também foi dedicada a ela em 2018. Ela também foi a primeira artista feminina a expor no Castelo de Versalhes, em 2012.
Maria Grazia Chiuri quis tecer uma conversa com ela, em torno de Catherine Dior, irmã de Monsieur Dior, uma figura feminina forte e independente. Membro da Resistência Francesa, dedicou grande parte da sua vida ao comércio de flores cortadas.
A Diretora Artística refere-se frequentemente, ao longo de suas coleções, a Catherine Dior, um verdadeiro modelo de emancipação feminina.
Para Joana Vasconcelos – que se interessa pelas histórias pessoais e coletivas de mulheres cujas vidas se tornam um exemplo – Catherine Dior é uma Valquíria. Na mitologia nórdica, as Valquírias são divindades que servem ao deus Odin.
Sensível ao protagonismo destas mulheres poderosas, valentes e combativas, a artista portuguesa desenvolve um projeto que celebra a liberdade criativa.
A obra de Joana Vasconcelos, imaginada para este desfile da Dior, ocupa o espaço de forma quase espraiada.
Uma forma livre composta sobretudo por composições de tecidos, rendas, bordados e crochês, das quais é impossível escapar, e às quais se juntam “ilhas” com formas orgânicas, também em tecido, nas quais o público é convidado a sentar-se.
As tradições têxteis preservam, no futuro, a memória do seu passado, possuem uma inteligência difusa. Joana Vasconcelos costuma usar tecidos que evocam, segundo ela, a memória das origens e a força do artesanato.
Para o desfile da Dior, ela escolheu usar urzes florais inspiradas nos arquivos da Maison, uma ode às flores da Miss Dior e ao esplendor da Natureza tão querido pelo costureiro fundador, criando assim um elo entre lugares, tempo e cultura.
Joana Vasconcelos reativa, na emoção, a sua beleza intrínseca e este encontro constantemente renovado entre feminilidade e feminismo que pontua o seu trabalho como o de Maria Grazia Chiuri.
Reportagem Especial Correspondance Magazine ®
IMAGEM – Cortesia Maison Dior © Adrien Dirand © Joana Vasconcelos © Laura Queyras © Pedro Moura Simão © Laura Sciacovelli © Todos os direitos reservados
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