Balthus

13 de novembro de 2018

A Fundação Beyeler, na Basiléia, Suiça, apresenta até 01 de janeiro de 2019 uma retrospectiva dedicada a um dos artistas mais enigmáticos de todos os tempos, Balthasar Klossowski de Rola, mundialmente conhecido como Balthus. No total, quarenta pinturas-chave que combinam retratos, interiores, paisagens e cenas de rua são reveladas cronologicamente, abrangendo as décadas de 1920 a 1990. Para montar essa retrospectiva, a Fundação Beyeler conseguiu um grande número de empréstimos de renomados museus e, muitas das principais obras de coleções privadas européias, americanas e asiáticas são mostradas pela primeira vez ao público.

A tela “Passage du Commerce-Saint-André”, preservada por vários anos na Fundação Beyeler, está por trás dessa grande retrospectiva, pertencente a uma coleção privada suíça, é uma pintura monumental realizada entre 1952 e 1954 e mostra o bairro de “La Monnaie”, em Paris, onde Balthus viveu. Outro trabalho raramente mostrado ao público é “The White Skirt” (1937), de uma coleção particular, um dos maiores retratos de Antoinette de Watteville, sua primeira esposa. Articulada em cooperação com o Museu Thyssen-Bornemisza, em Madri, esta retrospectiva tem outro empréstimo extraordinário, a única tela Balthus preservada na Espanha: “The Card Party” (1948-1950), revelando uma dramática tensão em seu auge.

Oriundo de uma família russo-polonesa de artistas, por parte do seu pai e da sua mãe. Balthus  ainda muito jovem, ele decidiu, se tornar um pintor e durante dois anos se dedicou à cópiar os antigos mestres do Louvre e, em seguida, os artistas da Renascença, como Piero della Francesca e Masaccio, na Itália, onde se estabeleceu por alguns anos. O artista tornou-se conhecido do público ao pintar retratos de patronos ricos através dos quais ele já revela um estilo muito singular que combina características caricaturadas, corpos alongados e cabeças desproporcionais. Balthus considerava-se um artista antimoderno e cultivava sua própria forma de vanguarda, deliberadamente contra as ideias atuais defendidas pelos artistas de vanguarda da época. Fascinante e confuso ao mesmo tempo, seu trabalho reproduz constantemente dualidade e fascínio, situando-se entre sonho e realidade, erotismo e engenhosidade, estranheza e familiaridade, seriedade e ironia.

A editora Hatje Cantz, que assina o catálogo da exposição e lançou um livro monográfico, ricamente ilustrado, sobre as obras-primas de Balthus com texto do cineasta Win Wenders, que escreveu: “Todo grande pintor nos ensina a ver. Balthus nos levou a um reino todo seu. Ele não era um Surrealista, nem realista, nem jamais pertenceu a outro “ismo”. Suas pinturas eram transparentes, originais, invenções únicas e independentes, com um pouco ao passado, mas apenas como magistral artesanato, um pouco versada sobre alguns assuntos escandalosos, mas apenas como uma maneira de chamar a atenção como ele mesmo, uma vez, escreveu em uma carta. No final, o  legado com que ele marca nosso presente é sua corajosa maneira de expressar sua arte.”

IMAGEM – Balthus fotografado por Irving Penn, 1948 © The Irving Penn Foundation –  Balthus, “Passage du Commerce-Saint-André” (1952-1954) © Balthus. Photo : Mark Niedermann – Balthus, “Le Roi des chats” (1935) © Balthus. Photo: Etienne Malapert, Musée cantonal des Beaux-Arts de Lausanne

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