Do Kremlin para Paris
“Transformar ideias em obras originais, únicas, verdadeiras obras de arte da joalheria”, esse é o leitmotif do joalheiro russo Ilgiz Fazulzyanov influenciado pela arte tradicional tártara e pelos mestres franceses do estilo Art Déco, esculpe suas peças tendo a natureza como uma de suas musas inspiradoras. Pedras preciosas e materiais diversos ganham formas extraordinárias nas mãos desse hábil criador de joias, um dos raros artistas da sua geração a expor suas obras no Museu do Kremlin, no campanário de Ivan, o Grande, mesmo espaço que acolheu a exposição “Cartier” e “O tesouro dos Marajás”. Durante essa exposição monográfica, batizada de “A alta joalheria inspirada pela natureza”, foram apresentadas as obras-primas de Ilgiz Fazulzyanov e as criações mais produtivas dos seus últimos vinte anos de trabalho criativo. “Foi um marco na minha carreira ver minhas obras juvenis expostas até as realizações dos últimos anos”, conta o designer que expõe suas criações em Londres, de 05 a 15 de outubro, dentro dos muros da famosa loja “Annoushka”.
Em uma galeria espaçosa, situada no número 4, Rue de Miromesnil, cinco vitrines Art Nouveau foram desenhadas especialmente pelo artista, que vai expor nas paredes os esboços que constituem o ponto de partida de cada peça da arte joalheira. “Escolhi abrir minha primeira butique europeia em Paris, porque as pessoas vêm visitar a cidade a procura de inspiração nas artes. Foi aqui que meus “professores” criaram, é aqui que minhas técnicas prediletas e meus estilos favoritos nasceram”, confessa Ilgiz Fazulzyanov. Anéis, colares, brincos, pulseiras, broches, peças únicas do mestre serão apresentadas, todas impregnadas com o talento de seu autor, nascidas do trabalho meticuloso e dos segredos de produção. O alto nível e o domínio de técnicas complexas, além da maestria do trabalho de Ilgiz Fazulzyanov são considerados pelos especialistas como dignos das obras dos melhores artistas franceses da era Art Nouveau, como René Lalique e Georges Fouquet. Correspondance Magazine® conversou com o designer antes da abertura da sua primeira butique parisiense, que será inaugurada no dia 19 de outubro, não muito longe da Praça Beauvau e do Palácio do Eliseu, onde Ilgiz abrirá sua primeira galeria pessoal na Europa.
ARTE – Eu me considero um artista, porque a liberdade de criar é muito importante para mim.
TENDÊNCIA – Sigo as tendências de moda no meu trabalho mas não em sua totalidade. Ela apenas desempenha um papel importante para a composição de pequenas coleções para aslojas. No que diz respeito às minhas criações artísticas, confio exclusivamente na minha intuição para a criação de joias únicas. O que acontece é, que, muitas vezes adquiro intuitivamente as tendências da moda.
MENTORES – Quando estudei arte da joalharia, confiava essencialmente nos mestres franceses, contudo, uma vez que encontrei meu caminho como artista, esse apego a um estilo perdeu seu significado. Hoje, é apenas uma questão de aspiração: aprecio ou não. Por exemplo, se tomarmos os grandes nomes da história, gosto do que Paul Poiret criou como fundador da “Etro Gerolamo Etro” e das primeiras criações das maisons Chanel e Yves Saint Laurent. Admiro esses nomes porque eles eram artistas! Atualmente o design deve garantir uma considerável fatia comercial para os negócios.
PROJETOS – Organizar uma exposição pessoal sobre o tema “Arte e política”, porque tenho muitas obras, que lidam filosoficamente com eventos políticos contemporâneos. Também pretendo criar um projeto que reflita as associações artísticas conectadas com todos os países do mundo. Por exemplo, o Brasil é uma excelente fonte de inspiração e gostaria de criar uma obra que traduzisse sua alma e atmosfera.
SONHOS – Mostrar ao maior número de pessoas minhas obras. Gostaria de fazer exposições em todos os museus das principais capitais do mundo. Acredito que já fiz o primeiro passo…
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