Junko Shimada
“Sempre esqueço o que sonhei na noite anterior mas, no final das contas, digo a mim mesma: não se preocupe, você pode sonhar novamente na próxima noite…” Quando questionada sobre como ela mesma percebe seu trabalho ou como se define, Junko Shimada se esquiva e diz que não é a melhor pessoa para responder a essa questão. “É realmente uma pergunta que não posso responder. Gosto de me cercar de criativos e amo especialmente dar o meu palpite em tudo mas não sou capaz de ostentar um rótulo de designer, estilista, criadora de moda ou o que quer que seja…”
Esse é apenas um dos traços da personalidade sem rodeios e do jeito de ser da designer Junko Shimada que não gosta de se sentir pressionada por nada, nem por sonhos esquecidos, nem por questões peculiares de uma entrevista. Porém, como parte de um esforço deliberado e do desejo de entrevistar “a mais parisiense das estilistas japonesas”, Correspondance Magazine® conseguiu convencer a estilista, que se rendeu ao nosso questionário TOP FIVE e aceitou saciar, em parte, nossa curiosidade em desvendar seus múltiplos segredos em torno de suas coleções e projetos, destilando graciosamente suas frases de efeito durante nossa conversa.
Nos anos 60 Junko Shimada se apaixonou por Paris, depois de ter cursado moda no Instituto Sujino Gajen Dressmaker, em Tóquio. Decidida a seguir seu sonho, mudou para a Cidade Luz e engatou alguns trabalhos antes de tornar-se estilista na Cacharel desenvolvendo coleções infantis e, em seguida, assumindo o prêt-à-porter masculino da maison para abrir sua primeira boutique parisiense em 1984. Suas criações são o reflexo da sua personalidade vivaz, eclética, inspirante e sofisticada. A coleção outono-inverno 2017 imaginada por Junko Shimada prima pelos contrastes: curtos-longos, coloridos-monocromáticos, onde o cool e o chique flertam com uma silhueta impecável, desenhada em saias-lápis com um toque de exotismo graças aos decalques em piton, que serpenteiam todas as peças e não somente os acessórios. Blusas e vestidos em crepe de seda com imaculadas bordas plissadas, casacos e túnicas salpicados de lantejoulas, de cores brilhantes e fluorescentes. Uma silhueta definitivamente cosmopolita que delineia perfeitamente o corpo feminino.
INSPIRAÇÃO – Sou bastante intuitiva. Depois de todos esses anos, o que me inspira facilmente são os eventos ou as sensações. Algumas ideias podem ser bastante recorrentes mas, prefiro pensar que não há regras, que posso ver e rever uma temática várias vezes ou que posso não abordá-la durante anos.
TÊXTEIS – Para a escolha das matérias-primas trabalho em harmonia com minha equipe. Alguns tecidos voltam regularmente nas minhas crições porque adoro isso. Para outros, muitas vezes mais técnicos, mais atuais, desenvolvo uma ideia a partir de uma peça existente e tento ver de que maneira posso coordená-lo com outros materiais e se isso funciona esteticamente. De qualquer forma, todo o meu processo criativo é muito intuitivo, sempre.
MOTIVAÇÃO – Nunca fui muito motivada pela ideia de seguir um curso ou uma tendência. Minha carreira foi feita de encontros inesperados, de desafios por vezes arriscados, algumas vezes fui bem sucedida mas também tive decepções. É por isso que gosto de dizer que a intuição não vem do nada mas da experiência. Ela nos molda e a nossa visão também. Minha intuição é minha bússola para tudo.
INFLUÊNCIAS – Sou influenciada o tempo inteiro. Tive a oportunidade de conhecer grandes pessoas que são mencionadas nos livros e outras menos conhecidas. Às vezes, uma conversa, um simples objeto pode fazer brotar uma ideia.
PROJETOS – É uma boa pergunta que também me faço constantemente. Já fiz um monte de coisas, profissional e pessoalmente, e ainda existem projetos que gostaria de fazer, mas vamos ver quando o momento oportuno chegar. Você terá mais sorte com essa pergunta, uma vez que eles forem concluídos. Fique atenta porque eles se movem rápido!
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